Lindbergh e Collor negam envolvimento
com esquema de corrupção na Petrobras |
Entre os 12 senadores que serão
investigados pela Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), dois
protagonizaram, em lados opostos, um dos momentos mais marcantes da história
recente do país: o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), o primeiro a ser
afastado do cargo em processo de impeachment no Brasil, e um de seus principais
algozes à época, o ex-líder dos caras-pintadas Lindbergh Farias (PT-RJ). Hoje
aliados políticos, os dois serão investigados no Supremo pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Eles são apontados como beneficiários
do esquema de corrupção e desvio de recursos da Petrobras.
Em 1992, quando tinha 22 anos
de idade, o então presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) pintou o
rosto de verde e amarelo, liderou o movimento que tomou conta das ruas e
pressionou o Congresso a cassar o mandato do mais jovem presidente eleito do
país. Collor elegeu-se em 1989, aos 40 anos, derrotando Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), de quem também é aliado hoje. Com denúncias de corrupção e sem
apoio político, teve seu governo abreviado pelo Parlamento.
Com trajetórias distintas, os
dois foram envolvidos na Operação Lava Jato após depoimentos de delatores do
esquema. No caso de Collor, as complicações começaram antes, ainda em julho do
ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito contra ele por
causa de depósitos de dinheiro em sua conta feitos pelo doleiro Alberto
Youssef, considerado o principal operador do esquema.
R$ 3 milhões de propina
Ao colaborar com as
investigações em troca da redução de sua pena, o doleiro contou que Collor
recebeu propina de R$ 3 milhões resultante de um negócio da BR Distribuidora,
subsidiária da Petrobras. Segundo Youssef, a propina é de um contrato firmado
em 2012, no valor de R$ 300 milhões, entre uma rede de postos de combustíveis
de São Paulo e a BR Distribuidora.
De acordo com reportagem da
Folha de S.Paulo, o delator disse que o negócio era para que a rede deixasse
uma marca de combustíveis e passasse a integrar o grupo de revendedores da BR
Distribuidora. O montante, conforme o doleiro, foi dividido em três parcelas de
R$ 1 milhão repassadas ao empresário Paulo Leoni Ramos, apontado como emissário
de Collor, único político do PTB incluído na relação dos investigados da Lava Jato
no Supremo. O senador sempre negou a acusação.
Doação de campanha
No caso de Lindbergh, a
suspeita foi levantada pelo depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa, que diz ter sido procurador pelo petista para ajudá-lo a levantar recursos
para sua campanha eleitoral de 2010, quando se elegeu para o Senado. O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sustenta que o ex-líder
cara-pintada recebeu R$ 2 milhões para sua campanha graças à intervenção de
Paulo Roberto. Segundo Janot, o delator afirmou que Lindbergh “tinha
conhecimento do caráter ilícito dos valores recebidos”. Declaração que o
petista nega.
De acordo com os
investigadores, o senador voltou a se aproximar de Paulo Roberto em 2014, meses
antes de sua prisão, para pedir auxílio na arrecadação de sua campanha ao
governo do Rio, eleição em que ficou na quarta colocação.
Lindbergh nega com veemência
qualquer envolvimento com o esquema. Em nota divulgada por sua assessoria em
outubro do ano passado, quando surgiram informações sobre o depoimento do
ex-diretor da Petrobras, o senador contestou a versão do delator.
“Em janeiro de 2014, Paulo
Roberto Costa esteve em três reuniões de preparação do programa de governo de
Lindbergh. Nessas ocasiões, o ex-diretor da Petrobras tão somente discutiu com
especialistas propostas para a área em que detinha conhecimento, a de óleo e
gás. Ele não participou de nenhuma forma da captação de doações eleitorais”,
informou à época o gabinete do petista. “Não se pode confundir isso com as
atividades ilícitas do ex-diretor posteriormente reveladas pela chamada
Operação Lava Jato. Nesse período não se tinha nenhuma informação sobre tais
atividades”, acrescentou.
Fonte: Congresso em Foco
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