Férias
privilegiadas, foro privilegiado, fortuna privilegiada. É mesmo um privilégio
ser parlamentar no Brasil. Ganhar salário extra no fim do mandato sem nem ao
menos trabalhar 115 dias no ano todo. Embolsar todo fim de mês cerca de 33,7
mil reais e só ter a obrigação de bater ponto no Congresso Nacional de terça à
quinta-feira. Custar quase dois milhões de reais mensais e, mesmo sendo visto
como incompetente pela sociedade, continuar no cargo.
O
Datafolha aponta que o Congresso Nacional só é avaliado positivamente por
9% dos entrevistados. Somam 50% os que consideram o desempenho dos deputados e
senadores como ruim ou péssimo. A política no Brasil passa por uma crise de
credibilidade. O país enfrenta uma crise financeira. Mas nada que não possa
parar por uma semaninha.
Enquanto
todo brasileiro teve folga na quinta-feira de corpus Christi, os políticos
em Brasília esticaram a semana toda. Meia hora depois de abrir a sessão de
votações, encerraram o expediente na Câmara dos Deputados sem apreciar nenhum
projeto. Os deputados foram liberados para prolongar o feriado. Teve gente que
chegou a Brasília na terça e, no mesmo dia, partiu de lá para curtir a semana
livre.
Está
estampado nos jornais: “Político brasileiro é o segundo mais caro do mundo”. Os
513 deputados e 81 senadores custam, por ano, mais de 7,4 milhões de dólares
cada um (dados de 2011). Só rasgam menos dinheiro do que nos Estados Unidos,
onde cada político consome dos cofres públicos quase 9,6 milhões dólares
por ano. Mas por lá os americanos têm uma renda per capita 3,7 vezes maior
que a brasileira, então os políticos daqui dão um prejuízo maior para o orçamento
do país do que os políticos dos Estados Unidos.
Confira aqui o Ranking dos custos dos parlamentares pelo mundo
Um trabalhador comum passa 221 dias no trabalho
(365 dias do ano menos um mês de férias, finais de semana e feriados
nacionais). A maioria dos parlamentares comparece à Câmara dos Deputados
em apenas 114 dias do ano. Isso não dá nem quatro meses. E depois de
esticarem o feriado de corpus Christi a conta do número de dias dedicados ao
trabalho deve cair mais ainda.
O Congresso
Nacional está hoje na mão de Eduardo Cunha e Renan Calheiros (presidentes
da Câmara dos Deputados e Senado, respectivamente). Dois políticos suspeitos de
cometer crimes e sem moral alguma com o povo. Foi Eduardo quem liberou os
deputados a semana toda durante o feriado de corpus Chriti. Fez isso
porque estava em viagem “diplomática” pela Rússia e queria deixar os colegas a
vontade para viajarem também.
Renan é o
senador que usa avião do exército para trocar de peruca e depois faz discurso
criticando quem mistura o que é público como interesses privados. Esses dois
sujeitos contraditórios e investigados pela polícia prometiam se tonar os
paladinos da ética para resgatar a credibilidade do poder legislativo. Só que,
de folga em folga, escândalo em escândalo, a classe política segue com a imagem
cada dia mais manchada.
Confira a
seguir o vídeo onde entrevisto alguns dos deputados e senadores antes de
partirem para suas merecidas "férias":
Escrito por Guga Noblat
Assista o vídeo AQUI
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