Maria de Jesus do Nascimento
Lima, 39, esteve cadastrada no Bolsa Família entre 2008 e 2013. Pescadora,
moradora de Monção (MA), recebeu R$ 5.448 no período, segundo o governo
federal.
Mas Maria também é Deusa da Rita, eleita
vereadora pelo PSL em 2012, com um salário, à época, de R$ 3.450. À Justiça
Eleitoral, disse ter patrimônio de R$ 136 mil, que inclui dois carros, uma casa
e um ponto comercial. O benefício foi cortado e, agora, Deusa da Rita é ré em
uma ação por suposto crime de estelionato que tramita na Justiça Federal.
Como ela, outros 1.700 políticos que ganharam
as últimas eleições municipais receberam Bolsa Família após terem sido
empossados. Esse número leva em conta pessoas cujo benefício foi destinado ao
cônjuge.
Cerca de 500 não devolveram os
recursos sacados e são cobrados administrativamente pelo Ministério do
Desenvolvimento Social. O órgão calcula que já recebeu quase R$ 900 mil de
ressarcimento dos políticos, mas não informa quanto ainda pode receber dos 500.
A pasta não entra com processos criminais contra os beneficiários irregulares,
mas, caso os pagamentos não sejam ressarcidos, o responsável pela família é
inscrito em cadastro negativo.
No caso de Deusa da Rita, o Ministério Público
Federal acionou a Justiça. Procurada, ela informou, por meio de assessor, que
não recebeu mensalidades do Bolsa Família e iria apresentar provas à Justiça.
Mesmo com levantamento do ministério, alguns casos suspeitos passaram até o
início desse ano. Em Montes Claros, no norte de Minas Gerais, o vereador
Rodrigo Maia, o Rodrigo Cadeirante (PTN), ganha pouco mais de R$ 14 mil, valor
bem acima do atual limite de R$ 616 para uma pessoa casada e com dois filhos
receber a Bolsa Família.
(Folhapress)
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