O ensaio sobre a verdade (ou
seria sobre a mentira?) foi publicado no livro Estrada do Tempo, de Egberto
Costa.
Eis a íntegra do texto:
Se alguém nos perguntasse: “que
é a verdade?” que responderia? Aí está, pois uma inquietação dos que fazem a
notícia. Estamos em busca da verdade ou a escondemos conforme nossa
convivência? Não existe uma medida para a verdade, ela se apresenta conforme a
ótica de cada um e da maneira que mais projeta seus interesses. Mas não existem
duas verdades sobre um mesmo fato. Não existe meia verdade, não se diz que está
falando “ligeiramente” a verdade. Ela existe ou não existe.
E não se pode separar a verdade
da justiça. Quando se falta à verdade está se cometendo injustiça. “Verdade e justiça
são a medida da verdadeira liberdade”, nos ensina o cardeal J. Ratzinger. É por
isso que as mentiras geram as ditaduras e elas sobrevivem enganando sempre,
ocultando as verdades dos fatos, como eles aconteceram. E é aí que Santo Inácio
de Antioquia aparece para dar sua lição: “É melhor calar-se e ser que falar e
não ser”.
Mas nós somos os responsáveis
pela transmissão da verdade através das palavras. “Palavra que se solta não se
engole outra vez”, é a sabedoria do provérbio russo. Quando a notícia é
divulgada e se comete injustiça, dificilmente o erro será corrigido, ficará
sempre uma pontinha de dúvida. Aqui é que entra a ética profissional, esta
coisa que muitos pensam ser uma camisa de força para impedir o exercício da
profissão. Mas quem usa a verdade comete a justiça e não precisa temer os
códigos, por mais rígidos que eles sejam.
O profissional precisa de
dignidade no exercício da profissão, ser cortês sem ser subserviente. O
adulador é sempre injusto: agacha-se perante os poderosos e massacra os
humildes. Muda sempre de opinião conforme a direção que o vento sopra. Foi
Honoré de Balzac quem nos advertiu: “A educação nunca parte do espírito
elevado. É produção de medíocres”.
*Madalena de Jesus é jornalista e professora
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