Medo ou desconhecimento?

Embora a sociedade atual
demonstre, de modo geral, um maior conhecimento sobre a depressão, o que se vê,
muitas vezes, é uma compreensão equivocada desta doença e de seus sintomas.
Ao tratar-se de uma doença
marcada por um estigma, nem sempre conseguimos identificar familiares ou
pessoas próximas que estejam lutando contra a depressão. Pior ainda: devido às
concepções equivocadas sobre os diferentes modos de manifestação da doença, e o
tipo de ajuda a ser buscado, muitos indivíduos que sofrem de depressão não
recebem o devido diagnóstico.
O resultado disso é que muitos
indivíduos convivem com uma depressão mascarada – ou seja, invisível para as
pessoas que os cercam, ou mesmo para eles próprios. Além disso, nos casos em
que não recebeu o diagnóstico adequado, o indivíduo tenderá a lidar com seus
problemas de modo a esconder a depressão, e terá dificuldades para reconhecer
os verdadeiros sintomas da doença.
É preciso deixar de lado a concepção
de que o sofrimento é sempre visível. Deste modo, será possível compreender
melhor e oferecer ajuda aos que lutam contra as doenças não manifestas.
Listamos, a seguir, alguns sinais de uma pessoa que talvez sofra de uma
depressão mascarada.
1.
Ela talvez “não pareça deprimida”
Influenciados por estereótipos
culturais e veiculados pela mídia, muitos têm uma imagem equivocada do
comportamento e da aparência do indivíduo com depressão. Na visão do senso
comum, esta pessoa raramente sai de seu quarto, veste-se com desleixo, e parece
estar sempre triste. Porém, nem todos que sofrem de depressão têm o mesmo
comportamento.
Claro que os indivíduos são
diferentes, assim como variam os sintomas e a capacidade de cada um de lidar
com a doença. Muitos conseguem exibir um “verniz” de boa saúde mental – como
mecanismo de autoproteção –, mas o fato de serem capazes de fazê-lo não
significa que eles sofram menos. Do mesmo modo, as pessoas incapazes de mostrar
tal “verniz” não são mais “fracas” que as demais.
2.
Ela pode parecer exausta, ou queixar-se de um cansaço constante
Um efeito colateral da
depressão é um cansaço permanente. Embora este sintoma não se manifeste em
todos que sofrem de depressão, ele é muito comum. Em geral, é um dos piores
efeitos colaterais desta doença.
Além disso, se o indivíduo não
recebeu o diagnóstico de depressão, a causa deste cansaço pode ser uma
incógnita. Mesmo que ele durma um número suficiente de horas à noite, talvez
acorde na manhã seguinte como se tivesse dormido pouco. Pior que isso: talvez
ele culpe a si mesmo, atribuindo isso à preguiça ou então que algum defeito de
sua personalidade esteja causando esta sensação de fraqueza e falta de energia.
Este sintoma também acaba se
tornando uma dificuldade para quem recebeu o diagnóstico de depressão, mas
tenta ocultá-la dos amigos e colegas. Isso porque esta sensação de cansaço
afeta o seu ritmo de trabalho e também os seus relacionamentos pessoais.
3.
Ela poderá ficar mais irritadiça
O comportamento de uma pessoa
com depressão pode ser interpretado equivocadamente, como melancolia. É muito
comum que a pessoa deprimida fique mais irritadiça, e que isso não seja
interpretado como um sintoma da doença. Isso é compreensível, já que a
depressão não é problema de saúde “visível”, e tampouco pode ser medido com
precisão – o que dificulta o combate à doença.
Além disso, o esforço constante
exigido do indivíduo para lidar, ao mesmo tempo, com as inúmeras demandas de
sua vida cotidiana, e com a depressão, suga suas energias, deixando-o impaciente
e incapaz de ter a compreensão exata sobre as coisas.
Se o seu amigo ou conhecido
recebe o diagnóstico de depressão, e compartilha esta informação com você, uma
dificuldade poderá surgir, caso o comportamento desta pessoa não corresponda à
imagem (equivocada) que se tem de uma pessoa com depressão: um indivíduo tímido
e calado. A tendência a ter “pavio curto” e a irritar-se com facilidade é, na
verdade, um efeito colateral da depressão.
4.
Para ela, pode ser difícil corresponder ao afeto e preocupação das pessoas ao
redor
A ideia equivocada mais comum
em relação à depressão, sugerida nos parágrafos acima, é que ela causa um
sentimento de tristeza.
Pelo contrário: muitas vezes, o
indivíduo com depressão não sente nada; ou então vive as emoções de modo
limitado ou passageiro. Depende de cada caso, mas muitos relatam um sentimento
parecido com o “torpor”, e o mais próximo que chegam de uma emoção é uma
espécie de tristeza, ou irritação.
Deste modo, o indivíduo terá
dificuldade para corresponder de modo adequado a gestos ou palavras afetuosas.
Ou então nem se dará ao trabalho de manifestar qualquer reação.
Talvez demonstre uma irritação
nada racional: é possível que o cérebro dele tenha dificuldades para processar
e corresponder ao seu afeto e carinho.
5.
Talvez recuse a participar de atividades de que gostava muito
Uma atípica falta de interesse
em participar de atividades – e durante um longo período – pode ser um sinal de
depressão. Conforme mencionado acima, esta doença drena a energia do indivíduo
tanto no plano físico quanto no mental – o que afeta sua capacidade de sentir
prazer com as atividades cotidianas.
Um indivíduo com depressão
talvez não se sinta mais atraído por atividades que adorava no passado, pois
esta doença acaba dificultando o desfrute de tais atividades, que não
satisfazem mais o indivíduo. Se não há nenhum outro sinal visível que possa
explicar o interesse cada vez menor do indivíduo por estas atividades, este
talvez seja um sintoma de depressão clínica.
6.
Talvez passe a ter hábitos alimentares incomuns
O indivíduo deprimido
desenvolve hábitos alimentares incomuns por duas razões: como um modo de lidar
com a doença, ou como um efeito colateral da ausência do cuidado consigo mesmo.
Comer pouco ou em demasia é um sinal comum de depressão. A ingestão excessiva
de alimentos é vista como vergonhosa, e neste caso a comida talvez seja a
principal fonte de prazer da pessoa com depressão, o que a faz comer além do
necessário.
Quando o indivíduo depressivo
come pouco, em geral é porque a doença está afetando seu apetite, transformando
o ato de comer em algo desagradável. Isso também pode ser uma necessidade
subconsciente de controlar algo, já que ele não é capaz de controlar sua
depressão. Se a pessoa não recebeu o devido diagnóstico, ou se omitiu diante
das pessoas o fato de estar deprimida, elas poderão considerar que os hábitos
alimentares “errados” se devem a um defeito de personalidade, e tal
“julgamento” fará com que o indivíduo deprimido se sinta ainda pior.
7.
Os outros talvez passem a exigir mais de você
Naturalmente, as funções vitais
de um indivíduo com depressão não podem ser as mesmas de alguém com boa saúde
mental. Haverá coisas que ele não será mais capaz de fazer com a mesma
frequência, ou abandonará de vez. Perturbá-lo ou fazer com que ele se
envergonhe por causa disso só tende a causar mágoas, em vez de ajudar. Se a
depressão é um assunto que ele tem tido dificuldade de abordar, será igualmente
difícil para ele lidar com alguém que fique irritado diante de sua incapacidade
de agir do mesmo modo que uma pessoa mentalmente sadia.
Por isso, convém sempre ser
compreensivo com as pessoas, seja de seu círculo profissional ou do pessoal.
Não há como saber se um indivíduo está simplesmente “desacelerando”, ou se está
enfrentando um verdadeiro problema de saúde.
8.
Ela poderá ter dias ruins, e dias “melhores”
Trata-se de uma doença com
altos e baixos. Se o indivíduo sofre de uma depressão mascarada, ou não
diagnosticada, pode parecer que suas flutuações de humor são aleatórias,
dependendo da regularidade de sua depressão. Para você (e mesmo para ele, no
caso de ele não ter recebido um diagnóstico), talvez não haja uma motivação
para as alterações de humor, mas esta é simplesmente a maneira como a depressão
se manifesta em algumas pessoas.
Se você sabe que o indivíduo
sofre de depressão, poderá ter a falsa impressão de que ele, tendo passado por
uma sequência de dias “bons”, está definitivamente curado. O fato de ele ter
passado um dia melhor do que na véspera pode ser excelente, mas convém que você
sempre lhe peça para que ele deixe claro o que consegue ou não fazer, e em que
momentos.
Concluir que o indivíduo que
sofria de depressão está plenamente recuperado, ou forçá-lo a retomar
rapidamente a rotina normal poderá sobrecarregá-lo, e fazer com que ele se
“retraia” novamente. Ofereça apoio ao amigo ou parente com depressão, mas deixe
que ele tome as decisões necessárias.
Fonte: lifehack via Pensador Anônimo
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