Agência do Banco do Brasil em
Missão Velha encontra-se fechada desde fevereiro, e sem previsão de retorno (
Foto: Antonio Rodrigues )
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Missão Velha/Nova Olinda Parece
cena de filme repetido. No Ceará, neste ano, 55 instituições financeiras foram
atacadas por criminosos. Em 28 casos, as cidades do interior foram alvos de
bandidos fortemente armados, com explosivos, que invadiram as agências levando
o que encontraram nos caixas eletrônicos e cofres. As ações causaram dano
material ao patrimônio dos bancos. O último, aconteceu na última terça-feira
(14), em Banabuiú, na unidade bancária do Bradesco, mas nenhuma quantia foi
levada.
Com os ataques, os moradores
dos municípios são os mais prejudicados. É o caso da população de Missão Velha,
que ficou sem os serviços bancários desde o dia 3 de fevereiro, quando duas
agências, do Banco do Brasil e do Bradesco, foram assaltadas por um bando fortemente
armado, que explodiu cofres e caixas eletrônicos. Cerca de R$ 600 mil foram
levados. "Vem fazendo muita falta", confessa o mototaxista Auderir
Duarte.
A unidade do Bradesco foi
reaberta, mas ainda sem todos os serviços, como saques nos caixas eletrônicos,
enquanto o Banco do Brasil segue fechado, mantendo a mesma aparência após as
explosões. Os moradores de Missão Velha que utilizam o banco estatal agora
percorrem cerca de 27Km para a agência mais próxima, na cidade vizinha de
Barbalha, para fazer todo tipo de movimentação financeira. No entanto, os
funcionários montaram uma estação na sede da Prefeitura para realizar serviços
específicos para correntistas, como a abertura de conta e desbloqueio de senha.
Em média, cerca de 30 pessoas utilizam o terminal.
Um dos setores mais
prejudicados com a ausência do Banco do Brasil é a economia local. Segundo o
empresário Rafael Canan, sócio de uma distribuidora de bebidas e alimentos, o
comércio enfraqueceu. Muitos moradores fretam transporte alternativo e compram
suas feiras em Barbalha, onde sacam benefícios, como aposentadoria e pensão.
"O povo tá levando o dinheiro todo pra Barbalha. Antes, o pessoal sacava o
dinheiro, pagava uma conta, fazia uma compra aqui", lamenta o comerciante.
Em Nova Olinda, o cenário não é
diferente, mas ainda mais preocupante, pois além da agência do Município,
Assaré e Potengi, cidades próximas, também sofreram ataques e estão fechadas. A
solução é viajar até Santana do Cariri ou Crato. Dependendo do local que
utilizará o serviço, o trajeto pode durar até 2h30.
Segundo o vigilante Manoel de
Souza, morador de Nova Olinda, seus conterrâneos percorrem 22Km para Santana do
Cariri ou 44Km ao Crato para utilizar dos serviços. "A casa lotérica não
dá conta dos pagamentos. Nos primeiros dias do mês, temos que ir a essas
cidades e todas elas ficam lotadas", denuncia.
Segundo o Sindicato dos
Bancários do Ceará, quatro agências do Banco do Brasil serão fechadas:
Hidrolândia, Pedra Branca e Saboeiro, que sofreram ataques, e Catunda. A
entidade que representa os funcionários de banco está fazendo um documento para
entregar às instituições financeiras, exigindo a reabertura de todas as
unidades. São 32 fechadas ou funcionando parcialmente em todo Estado.
A Federação Brasileira de
Bancos (Febraban) explica que a decisão de abrir ou fechar uma agência é feita
individualmente pelas instituições financeiras, levando em conta questões de
segurança ou de negócio. No ano passado, 339 assaltos ou tentativas de assaltos
a bancos foram registradas no Brasil. O número indica uma redução dos anos
anteriores, algo que acontecia também no Ceará entre 2013 e 2015. No entanto,
ano passado, 78 ataques aconteceram, oito a mais que no ano anterior.
O Banco do Brasil informou que
está avaliando a estrutura e o funcionamento de sua rede de agências, inclusive
no Ceará. Dentro desta análise, estão os fatores de segurança, rotina e
sustentabilidade do negócio. Várias agências tiveram suas estruturas totalmente
comprometidas. O banco reconhece que essas ocorrências criminosas têm levado à
suspensão temporária ou mesmo definitiva do atendimento em alguns municípios.
Enquete
Como a sua rotina foi afetada?
"Grande parte do comércio
e aposentados se abastece no banco. Todos estamos indo a Barbalha. Eu mesmo me
desloco, mesmo deficiente. É uma manhã perdida, dependendo de ônibus, topique e
lá tem uma fila enorme"
Francisco dos Anjos
Aposentado
"A onda de assaltos está
muito grande por aqui e a gente corre esse risco de levar dinheiro e trazer.
Também diminuiu o comércio. Muitos aposentados sacam o dinheiro fora e lá mesmo
fazem suas compras"
Colaborador: Antonio Rodrigues / DN
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