( Foto:
Honório Barbosa ) por Honório Barbosa -
Colaborador
|
Uma semana após iniciar a
paralisação por tempo indeterminado, no Ceará, os pipeiros (condutores de
carros-pipa) promoveram concentração, ontem, em seis cidades do Interior, para
reforçar a pauta de reivindicações ao Ministério da Integração e ao Exército. A
novidade foi um apelo da categoria e das comunidades rurais ao governo do
Estado por uma intermediação junto ao governo federal.
Sem abastecimento há oito dias,
as localidades rurais enfrentam o agravamento da crise hídrica. "O
problema deve piorar se não houver uma resposta positiva do governo
federal", disse o diretor do Sindicato dos Pipeiros do Estado do Ceará
(Sinpece), Edvan Rifane. "A paralisação vai continuar e vamos bloquear
rodovias", ameaçou. Na manhã de hoje, haverá reunião entre os
representantes dos pipeiros e o comando da 10ª Região Militar, em Fortaleza.
No Ceará, segundo o Sinpece há
cerca de 1.900 caminhões cadastrados na Operação Pipa. Desse total, pelo menos
1.800 aderiram à paralisação. Mais de 800 mil pessoas estão afetadas sem a
distribuição regular de água em 130 municípios do Interior. Além do Ceará,
pipeiros entraram em greve no fim de semana passado em Pernambuco e na Bahia.
Os pipeiros lamentaram o sofrimento das comunidades rurais desabastecidas.
"Dói em cada um de nós, mas se não fizermos isso, não seremos atendidos em
nossas reivindicações", explicou Antônio Wilson Leal.
Nesta segunda-feira, houve
paralisação nos açudes Orós, Trussu, Castanhão, Banabuiú e em pontos de coleta
de água nas cidades de Madalena, Maracanaú e Caucaia. As reivindicações do
Sinpece incluem cumprimento do prazo de pagamento, organização de prestação de
contas, utilização de dois meios de comprovação de entrega da carga de água e
reajuste do valor pago pelo quilômetro rodado.
Além do atraso do pagamento, os
pipeiros reclamam do equipamento que faz o controle de deslocamento dos
veículos do ponto de captação de água até a comunidade atendida por meio do
Gpipa. "O rastreador é ofertado pelo consórcio TBK, de Pernambuco,
contratado pelo Exército, mas é ruim, apresenta problemas, erros, e as carradas
não são pagas", frisou Rifane. Segundo o Sincepe, o prejuízo ultrapassa
10%, somente com os erros do equipamento, além do valor do quilômetro que
permanece em R$ 0,49, defasado. "Quando começamos, o litro do óleo diesel
custava R$ 1,98 e agora é R$ 3,40", observou Brasil.
Calamidade
A paralisação dos carros-pipa
traz reflexo direto nas comunidades rurais, principalmente as localidades mais
afastadas e com maior dificuldade de acesso. "Os apontadores estão
desesperados, ligando para nós, relatando o caos, a situação de
calamidade", disse Antônio Wilson Leal.
A líder comunitária na Lagoa
dos Milhomens, zona rural de Icó, Josefa Lopes, disse que, nas casas e na
cisterna, não há mais água. "Estamos desesperados, sem saber o que
fazer", disse. José Bonfim, da localidade de Sant'Ana, apela para o
governo do Estado. No Baixio dos Lourenços, no distrito de Icozinho, Marlene
Pedrina, também confirma as dificuldades que as famílias estão enfrentando.
O vice-presidente da Associação
dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) e prefeito de Cedro, Nilson Diniz,
disse que as Prefeituras sozinhas não têm condições de atender a demanda de
água.
Com DN/Regional
Nenhum comentário:
Postar um comentário