A falta de adequação ao abate
de animais é um sério problema ( Foto: Alex Pimentel )
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Uma
operação realizada pela Polícia Civil trouxe à tona um problema recorrente em
várias cidades do Interior do Ceará, a comercialização ilegal de carne bovina
para o consumo humano. A ação policial, denominada "Carne Podre",
ocorreu no mercado público de Quixadá.
Os
policiais flagraram aproximadamente 1.500Kg chegando aos boxes, em um veículo
inadequado. O abate estava sendo realizado de forma irregular, ao lado do
matadouro público da cidade, interditado desde 2016. Seria um problema pontual
se outras 52 unidades de abate não estivessem na mesma situação no Interior do
Ceará.
Conforme
a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), as interdições
ocorrem, na maioria, a partir de ações do Ministério Público do Estado do Ceará
(MPCE). Geralmente, os promotores de Justiça recebem denúncias de
irregularidades e, realizadas as investigações, constatam os problemas, grande
parte por falta de estrutura e de higiene.
Os técnicos da Adagri e também da Vigilância Sanitária são acionados para certificarem as infrações. Em desacordo com as leis de regulação e de funcionamento, esses locais são fechados até se adequarem às normas sanitárias e ambientais.
Fiscais da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará – Adagri (Foto: divulgação) |
Os técnicos da Adagri e também da Vigilância Sanitária são acionados para certificarem as infrações. Em desacordo com as leis de regulação e de funcionamento, esses locais são fechados até se adequarem às normas sanitárias e ambientais.
O
caso do Matadouro Público de Quixadá é um exemplo. O serviço de abate havia
sido interrompido outras quatro vezes, a primeira delas em 2010. Na época, o
então diretor do Departamento Municipal de Administração de Bens e Serviços
Públicos (Dmasp), Elery Ferreira, havia anunciado a construção de uma nova
unidade. O projeto já estava pronto, o terreno também havia sido liberado.
Restava apenas a concessão de algumas licenças ambientais e a disponibilização
dos recursos, da ordem de R$ 1 milhão, por meio de emenda.
O
projeto não se concretizou e, ao assumir o Dmasp, no início de 2017, a nova
gestão se deparou com antigo prédio fechado. Foi então colocado em prática um
plano emergencial de reforma e adequação, orçado em R$ 72 mil. Como os itens
estabelecidos pelos órgãos ambientais e de sanidade são muitos, e os recursos
financeiros são do próprio Município, os serviços ainda não foram concluídos. A
previsão é de entrega nos próximos 30 dias, informou o atual diretor do
Departamento responsável pela administração do matadouro, Higo Carlos
Cavalcante.
Todavia,
de acordo com o engenheiro agrônomo Nicolas Fabre, analista de Desenvolvimento
Rural e Meio Ambiente e coordenador de Cooperação Técnica Internacional da
Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) boa parte dos municípios
onde os serviços de abate foram paralisados por intervenção dos órgãos
fiscalizadores não terão a mesma oportunidade. Precisam construir novos
prédios.
Grande parte dos existentes estão localizados em áreas urbanas, um exemplo tipico, é o matadouro do município de Granja, Zona Norte do Estado, o equipamento fica próximo as residências. As cidades foram crescendo e, apesar de terem sido construídos em áreas afastadas, passaram a infringir as normas sanitárias.
O
analista também aponta a situação do abatedouro de Piquet Carneiro, onde foram
investidos mais de R$ 300 mil. Apesar do esforço do prefeito anterior, Expedito
do Nascimento, o alvará de funcionamento não foi liberado por estar localizado
em área considerada inadequada, no Centro da cidade. "O prédio recebeu
toda a estrutura e equipamentos necessários, com as especificações exigidas
pelos agentes fiscalizadores. O desconhecimento do critério de localização
causou o ônus ao erário público", explicou. A reportagem tentou manter
contato telefônico com o ex-prefeito, todavia, até a publicação desta edição as
ligações não foram atendidas.
Grande parte dos existentes estão localizados em áreas urbanas, um exemplo tipico, é o matadouro do município de Granja, Zona Norte do Estado, o equipamento fica próximo as residências. As cidades foram crescendo e, apesar de terem sido construídos em áreas afastadas, passaram a infringir as normas sanitárias.
Matadouro público da cidade de Granja (Foto: J. Wilker) |
O
rigor quanto aos critérios de funcionamento dos abatedouros públicos ao longo
dos últimos anos, culminou com o fechamento de cerca de 30% deles, o que leva a
uma preocupação com o abate na moita, como a prática, clandestina, ilegal, é
denominada.
Como poucos municípios possuem Serviço de
Inspeção Municipal (SIM), apenas 11, nove deles na Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF) e dois no Interior, Morada Nova e Iguatu, registrados no
Serviço de Inspeção Estadual (SIE), o freguês de balcão, dos frigoríficos e dos
mercados, está correndo riscos. "Não é porque fecharam os matadouros que
os consumidores vão se tornar vegetarianos", acrescentou Fabre.
Para
solucionar o problema é preciso disponibilizar recursos para os municípios e
adequar os modelos de matadouros disponibilizados pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) à realidade do Nordeste. Mesmo
sendo destinado aos produtores da agricultura familiar, os projetos
disponibilizados são focados nas demandas do Sul do País. Os valores são
elevados, chegando à casa de R$ 1 milhão, mesmo para uma unidade de pequeno
porte, completou o representante da Aprece.
Abatedouros em outros municípios
O
Abatedouro de Animais de Grande e Pequeno Porte de Massapê, no Norte do Estado,
foi inaugurado em dezembro do ano passado, mas ainda não está é atividade. A
unidade modelo de abate recebeu investimentos de R$ 1.270.926, por meio de
convênio firmado entre o Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento
Agrário, e o Município.
Matadouro público de Camocim nunca funcionou desde sua inauguração em 2010 (Foto: reprodução YouTube) |
Na
cidade de Camocim, litoral oeste do estado, a polêmica do matadouro público
continua. Com verba do governo do estado, liberada ainda em 2008, no valor total
de R$ 203.541,28, sendo R$ 6.210, 85 de contrapartida da Prefeitura, o prédio
foi inaugurado ainda na administração do ex-prefeito Chico Vaulino, dia 30 de
julho de 2010.
Um
ano depois da inauguração, no dia 21 de julho de 2011, sem ter funcionado um
segundo, o matadouro foi interditado pela Agência de Defesa Agropecuária do
Estado do Ceará (ADAGRI), devido a total falta de condições de funcionamento.
No
ano de 2012, Monica Aguiar foi eleita prefeita da cidade para o mandato de
(2013-2016), em 2016 a mesma foi reeleita. Já se passaram mais de um ano de seu
segundo mandato, porém o matadouro público continua interditado, ou melhor,
abandonado.
No município de Martinópole a situação não é tão diferente, o matadouro público da cidade encontra-se no estado de abandono. O prédio passou por reformas ainda na gestão do ex-prefeito James Bel, no ano de 2014. Daí em diante, o prédio nunca mais passou por melhorias. Considerando as normas da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (ADAGRI), as instalações do equipamento não estão adequadas às determinações sanitárias necessárias ao seu funcionamento.
Apesar da situação em que se encontra o equipamento, o prefeito de Martinópole, Júnior Fontenele, decretou no dia 29 de agosto de 2017, cobrança de taxas de serviços para o abate de animais no matadouro público municipal. Segundo o Decreto a cobrança de taxas seria para manter as instalações, equipamentos, serviços de abate de animais. Dias depois o prefeito voltou atrás e revogou decreto.
Matadouro público de Martinópole (Foto: Luciano Silva) |
No município de Martinópole a situação não é tão diferente, o matadouro público da cidade encontra-se no estado de abandono. O prédio passou por reformas ainda na gestão do ex-prefeito James Bel, no ano de 2014. Daí em diante, o prédio nunca mais passou por melhorias. Considerando as normas da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (ADAGRI), as instalações do equipamento não estão adequadas às determinações sanitárias necessárias ao seu funcionamento.
Apesar da situação em que se encontra o equipamento, o prefeito de Martinópole, Júnior Fontenele, decretou no dia 29 de agosto de 2017, cobrança de taxas de serviços para o abate de animais no matadouro público municipal. Segundo o Decreto a cobrança de taxas seria para manter as instalações, equipamentos, serviços de abate de animais. Dias depois o prefeito voltou atrás e revogou decreto.
Com
informações: DN/Regional
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