A sucessão estadual é tema
recorrente de conversas entre deputados no Plenário 13 de Maio. Para alguns,
até opositores locais apoiarão Camilo ( Foto: Saulo Roberto )
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Apesar de o governador Camilo
Santana (PT) ter ao seu lado pelo menos 128 dos 184 prefeitos do Ceará, segundo
informou o secretário da Casa Civil, Nelson Martins, deputados da Assembleia
Legislativa acreditam que, devido a problemas financeiros e por conta da crise
de representatividade política, a maioria dos gestores municipais pouco vai
influenciar efetivamente para que haja transferência de votos. Por conta disso,
de acordo com parlamentares entrevistados pelo Diário do Nordeste, no momento
de apostar o voto, o eleitor estará mais atento às ações implementadas pela
atual gestão nos últimos quatro anos.
Em outras palavras, os
prefeitos, por conta dos problemas internos que enfrentam nos municípios, não
devem ser as lideranças que darão viabilidade a uma eventual candidatura do
petista à reeleição. Além de serem dependentes dos recursos oriundos do Fundo
de Participação dos Municípios (FPM), as prefeituras também são necessitadas
das ações do Governo.
Para o deputado Heitor Férrer
(PSB), o discurso de que 128 prefeituras cearenses ou 23 partidos estão
alinhados ao Governo do Estado reflete um cenário de cooptação, uma vez que a
maioria dos municípios do Estado, segundo ele, vive em situação de pobreza.
"Para se ter uma ideia, 80% do ICMS produzido no Estado estão concentrados
em Fortaleza, Caucaia e Maracanaú. O restante está em Iguatu, Crato, Juazeiro
do Norte e Sobral. O resto é só pobreza", disse.
De acordo com o pessebista,
quanto mais pobre for o município, mais dificuldades o respectivo prefeito enfrenta
e, com isso, fica mais fácil para o "Governo entrar". "Por isso
é tão difícil fazer oposição, que é um grupo que apenas cobra, pois quem
executa é o Governo".
O parlamentar ressaltou que o
cidadão quer políticas de resultados, o que é possível por meio de serviços,
tais como liberação de sementes, ordem de serviço para construção de estradas e
atuação de secretarias para atenderem à coletividade. "O prefeito que não
tem dinheiro se socorre no deputado estadual, que se socorre no secretário do Governo,
que atua em políticas de assistencialismo. É assim que o Governo age no sentido
de mostrar sua força", apontou.
O deputado Sérgio Aguiar (PDT),
por sua vez, sustenta que "o grande eleitor é o povo", e mesmo
aqueles que foram eleitos com sucesso no pleito municipal não são considerados
"bons eleitores", uma vez que a maioria das prefeituras do Estado
enfrenta dificuldades financeiras. Ele afirmou ainda que pesquisas internas de
prefeituras chegaram à conclusão de que há gestores com até 70% de rejeição pela
população.
Avaliação
"Não quero crer que apenas
o apoio de prefeitos signifique vitória nas urnas. O povo é o grande
responsável pela eleição de um candidato", ponderou Aguiar. De acordo com
ele, as ações do governador nas mais diversas áreas serão o foco de avaliação
do eleitorado no pleito de outubro próximo, e não as administrações públicas
municipais.
Presidente do Poder
Legislativo, o deputado Zezinho Albuquerque (PDT) lembrou as dificuldades
enfrentadas pelas prefeituras do Ceará no que diz respeito à arrecadação, bem
como às transferências de recursos por meio do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM).
Segundo ele, ainda que as
administrações municipais estejam com dificuldades junto à população, as ações
do Governo do Estado estão sendo aprovadas pelo eleitorado. "Se o prefeito
não tiver o apoio popular, não resolve. Mas pelos números que temos visto, o
governador tem apoio grande da população".
Necessidade
"Todos os governadores do
presente e do passado já tiveram 70% das prefeituras. Elas são pobres, cheias
de dificuldades. Elas veem no Governo a solução dos seus problemas",
disse, por sua vez, o deputado Roberto Mesquita (PSD). De acordo com o
opositor, 128 dos 184 gestores municipais estão ao lado do governador Camilo
Santana por necessidade e falta de outro caminho de garantir melhorias para a
população dos municípios. "Da mesma forma, o Camilo, que tem profundas
diferenças com o Governo de Michel Temer, vive em Brasília à procura de apoio,
porque os estados também têm muitas dificuldades", comparou o parlamentar.
O deputado Julinho (PDT), por
outro lado, lembrou que o atual governador não tem apenas apoio de 70% das
prefeituras do Estado, mas também das oposições locais nos municípios. Segundo
ele, o eleitorado não pode "misturar joio com trigo" e ligar a crise
financeira e de representatividade das prefeituras à imagem do gestor,
pré-candidato à reeleição. "É preciso que a população analise direito.
Mas, agora, o eleitor está acompanhando os políticos mais de perto, e ele analisará
e fará justiça na hora de avaliar o Governo de Camilo Santana", defendeu.
DN/Politica
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