Em Quixadá, muitos acessos
rurais estão intransitáveis com as chuvas de abril ( Foto: Alex Pimentel )
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As chuvas desde 2018 têm
aliviado o sofrimento de milhares de sertanejos. Encheu barreiros, trouxe
fartura para as lavouras, mas também um grande desafio: o escoamento das
produções agrícolas, principalmente de milho, de feijão e de legumes. A
colheita foi iniciada e com ela veio a preocupação de como chegará às feiras
livres e mercados. As águas dos rios estão baixando, mas o lamaçal, atoleiros e
enormes valas estão dificultando o tráfego dos veículos, inclusive de grande
porte, nas artérias vicinais do Ceará.
Quixadá, no Sertão Central, é
um exemplo. Historicamente, é onde chove menos na região durante a Quadra
Chuvosa, mesmo assim, o volume do mês passado foi o suficiente para
impossibilitar o tráfego em diversas estradas. As máquinas tinham nivelado a
maioria delas durante o ano passado.
"O serviço está sendo
feito novamente", explicou o secretário de Desenvolvimento Rural e
Agricultura Familiar, Kleber Júnior. "Onde havia atoleiros utilizamos
areia dos rios e cascalho. O nosso tráfego rural está voltando ao normal",
completou.
Na região Norte do Estado, Martinópole
registrou de janeiro até maio deste ano, 1046.4mm. O mês de fevereiro foi o mais chuvoso no município, registrando 430.9mm, deixando atoleiros em vários pontos
das estradas rurais do município.
Estrada que liga as localidades de Lagoa Cercada, Lagoa do Curral e Boa Vista em Martinópole |
A estrada que liga as
localidades de Lagoa Cercada, Lagoa do Curral e Boa Vista foi a mais afetada,
ocasionando transtornos e prejudicando alunos, professores e moradores. A
prefeitura de Martinópole tentou minimizar a situação colocando cascalho nos
trechos mais danificados, porém o problema continua pela falta de continuidade na manutenção. A situação piora nas vias de
acesso às comunidades rurais, carroçáveis, cortadas por rios e riachos. Muitas
estão intransitáveis.
O ônibus que faz o transporte dos alunos da Rede Estadual ficou atolado nesta quarta-feira, 09, os alunos tiveram que voltar a pé para suas casas- (Foto: Vc. Repórter). |
Já no município de Granja, foram
registradas as maiores chuvas de abril. Foram 648mm, 159.6% acima da média do
mês. Até agora foram 1858.0 mm, o que agravou a situação das estradas que
interligam a zona rural, prejudicando o deslocamento de muitos moradores.
A cerca de 30Km da sede, num
trecho da comunidade de Paula Pessoa, a força das águas do Rio Itacolomy
arrastou parte da estrada, formando um profundo buraco, próximo da cabeceira da
única ponte de acesso a várias localidades.
A cerca de 30Km da sede, na
comunidade de Paula Pessoa, o Rio Itacolomy engoliu parte da estrada, formando
um profundo buraco ( Foto: Marcelino Júnior )
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Segundo Raimundo Braz,
subsecretário de Infraestrutura do Município, com a redução das chuvas,
trabalhos de manutenção têm sido realizados. "À medida em que a chuva
cessa, obras de terraplanagem e compactação vão minimizando os danos. É grande
a extensão de estradas não asfaltadas que interligam as muitas comunidades. Com
a redução no fluxo das águas, aos poucos, as demandas vão sendo atendidas, num
trabalho constante de reparos", afirma.
Em Crato, a melhoria das
estradas que ligam à zona rural é reivindicação antiga da população. Nas vias
que dão acesso à sede do distrito de Baixio das Palmeiras, as chuvas criaram
buracos e a vegetação toma conta. A pavimentação solta e a lama impedem que
alguns veículos transitem por lá. No Sítio Chico Gomes, o médico que atende a
comunidade quinzenalmente não pôde ir porque o caminho estava intransitável.
Regional
(Fotos: Alex Pimentel) |
Ainda em Quixadá, os estragos
foram grandes e a Prefeitura tem trabalhado no sentido de devolver aos
moradores as condições de transporte entre os distritos e de ligação à sede do
Município.
Na Vila Padre Cícero, entre
Crato e Juazeiro, uma cratera se formou e os moradores temem ficarem ilhados.
Segundo eles, a Prefeitura já fez reparo duas vezes no mesmo local, mas a força
da água danificou a estrada novamente. Já no acesso ao distrito Campo Alegre,
os moradores aguardam há 16 anos. Os buracos, que tomam toda pavimentação,
impedem a subida e descida de veículos de maior porte. Lá também é trajeto para
a rodovia que liga o Município a Nova Olinda e a Exu (PE).
A Secretaria Municipal de
Infraestrutura (Seinfra) informou, em nota, que já tem um projeto para as
estradas no distrito de Baixio das Palmeiras, onde será realizado o serviço de
pavimentação em pedra tosca e a construção de uma passagem molhada. Em relação
às estradas vicinais, ainda na primeira quinzena de maio, chegará mais um
equipamento para realizar o serviço de manutenção dessas estradas.
Enquete
Como a chuva interferiu nos
deslocamentos?
Para termos chuva, precisamos
da força da natureza e do dom de Deus, mas, para consertar as nossas estradas,
sabemos que dependemos somente da vontade dos governantes"
Zias de Queiroz Castelo Branco
Motorista de ônibus
"Quando a gente percebe
que as estradas vão ficando perigosas por causa das chuvas dá uma aflição.
Nessas horas, ninguém quer se arriscar. É melhor ficar em casa até a situação
melhorar"
Francisca Jadna de Oliveira.
Moradora rural
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