Em nota oficial, o presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, saiu em defesa da
Suprema Corte nesta segunda-feira, 22, e afirmou que "atacar o Poder
Judiciário é atacar a democracia". O posicionamento do presidente do STF
foi divulgado após a circulação de um vídeo com declarações do deputado Eduardo
Bolsonaro (PSL), no qual o parlamentar afirma que bastaria apenas "um
soldado e um cabo" para fechar o STF.
Toffoli destaca que a Suprema
Corte é uma instituição "centenária e essencial ao Estado Democrático de
Direito", e que "não há democracia sem um Poder Judiciário
independente e autônomo". "O Supremo Tribunal Federal é uma instituição
centenária e essencial ao Estado Democrático de Direito. Não há democracia sem
um Poder Judiciário independente e autônomo. O País conta com instituições
sólidas e todas as autoridades devem respeitar a Constituição. Atacar o Poder
Judiciário é atacar a democracia", afirmou o ministro. A nota não cita o
nome de Eduardo Bolsonaro, nem o episódio diretamente.
Segundo o Estadão/Broadcast
apurou, Toffoli avisou previamente os demais integrantes do STF que enviaria
uma nota institucional para defender o Tribunal dos ataques do filho de
Bolsonaro. De acordo com auxiliares do ministro, a nota do presidente do STF
foi o "remédio necessário e ponto" para a Corte se posicionar
publicamente e virar a página.
Toffoli prega a conciliação e a
harmonia entre os poderes e pretende firmar com o futuro presidente da
República - seja ele quem for - um pacto republicano para garantir a
governabilidade.
A declaração do presidente da
Corte chega após integrantes do STF se mostrarem indignados com as falas do
deputado, filho do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro. Sem citar
nominalmente o parlamentar, o ministro Alexandre de Moraes disse nesta
segunda-feira que as declarações do deputado são "absolutamente
irresponsáveis" e defendeu que a Procuradoria-Geral da República (PGR)
abra uma investigação contra o parlamentar por crime tipificado na lei de
segurança nacional.
"É algo inacreditável que
tenhamos que ouvir tanta asneira da boca de quem representa o povo. Nada
justifica a defesa do fechamento da instituições republicanas", afirmou
Moraes.
Os comentários de Eduardo
Bolsonaro foram feitos em julho, durante uma palestra a alunos de um curso
preparatório para o concurso da Polícia Federal. Ao responder a uma pergunta
sobre uma hipotética ação do Exército caso o STF tente impedir seu pai de assumir
a Presidência, o deputado, reeleito por São Paulo este ano com a maior votação
da história, disse que bastariam "um soldado e um cabo" para fechar o
Supremo.
"Será que eles vão ter
essa força mesmo (de impugnar)? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF
sabe o que você faz? Você não manda nem um Jipe, manda um soldado e um cabo.
Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que é o STF, cara? Tira o poder
da caneta de um ministro do STF, o que ele é na rua?", questiona.
Repercussão
A Ordem dos Advogados do Brasil
emitiu um comunicado no qual afirma que defender a Corte é "obrigação do
Estado" e que ressalta a importância de preservar os valores democráticos
do País.
"O mais importante
tribunal do País tem usado a Constituição como guia para enfrentar os difíceis
problemas que lhe são colocados, da forma como deve ser. É obrigação do Estado
defender o STF", diz o comunicado assinado pelo presidente nacional da
entidade, Cláudio Lamachia.
O ministro Marco Aurélio Mello,
do STF, disse à reportagem que "não se tem respeito pelas instituições
pátrias". "Tempos estranhos, vamos ver onde é que vamos parar. É ruim
quando não se tem respeito pelas instituições pátrias, isso é muito ruim",
afirmou.
O general Hamilton Mourão,
candidato a vice de Bolsonaro, disse que Eduardo Bolsonaro "já foi
desautorizado" pelo presidenciável. "Não é uma resposta correta e o
próprio Bolsonaro já o desautorizou".
Ainda no domingo, Eduardo
Bolsonaro recuou de suas declarações, afirmando que nunca defendeu tal posição.
"Se fui infeliz e atingi alguém, tranquilamente peço desculpas e digo que
não era a minha intenção", afirmou.
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