Senador eleito pelo PDT do
Ceará, o ex-governador Cid Gomes até diz torcer para que o governo Jair
Bolsonaro (PSL) dê certo, mas demonstra um pessimismo decorrente do realismo ao
falar sobre o ministro escolhido para capitanear a política econômica a partir
de 1º de janeiro de 2019, o economista e empresário Paulo Guedes. Para Cid, o
estilo "truculento" do futuro superministro – ele abarcará as pastas
da Fazenda e do Planejamento, no que será chamado de Ministério da Economia – o
levará à queda prematura.
"A palavra que define
melhor [o futuro governo] é imponderabilidade", disse o engenheiro civil
de formação, neste domingo (11), em entrevista ao programa Poder em Foco (SBT),
apresentado pela jornalista Débora Bergamasco.
"Eu, sinceramente, não
arrisco um prognóstico em relação ao governo Bolsonaro. Arrisquei, aqui, alguns
palpites. Acho que a equipe econômica e o Bolsonaro não conseguirão se
relacionar num período superior a seis meses", acrescentou, ao final do
programa de TV.
O Congresso em Foco integrou a
bancada de convidados para sabatinar o pedetista. Instado a comentar não só o
futuro do próximo governo, mas também o que está em curso no governo de
transição, com ministro desautorizando colegas, Cid manifestou preocupação com
os rumos do país – embora diga, por exemplo, que o Brasil não corre risco de
reviver os "anos de chumbo" do golpe militar.
"Acho que, se não foi
intencional, mas acabou sendo uma coisa extremamente importante para ele,
Bolsonaro, foi a escolha do general Hamilton Mourão [PRTB] como vice. As
pessoas vão pensar duas vezes antes de fazer um impeachment", ironizou
Cid, referindo-se ao oficial do Exército que, ainda em agosto, defendia
intervenção militar caso o ex-presidente Lula (PT), preso e tornado inelegível
com base na Lei da Ficha Limpa, conseguisse se candidatar nas eleições deste
ano.
Dizendo-se preparado para a
batalha que enfrentará com a extrema-direita no Congresso, Cid falou sobre
temas espinhosos como o projeto escola sem partido ("Escola não deve ser
espaço de aparelhismo partidário"), a escolha do juiz Sérgio Moro para a
equipe ministerial (Justiça e Segurança Pública) e a relação que já começou
tumultuada entre Paulo Guedes e os atuais membros do Congresso.
Informado pelo Congresso em
Foco sobre a conversa "ríspida" que o economista travou com o
presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), com o objetivo de pressioná-lo
em nome da reforma da Previdência, o ex-governador lamentou o fato de que o
futuro ministro Paulo Guedes, "em vez de tratar bem [os congressistas], é
ríspido, grosseiro".
Fogo amigo
Cid ganhou os holofotes na reta
final da corrida presidencial ao cobrar do PT, em um palanque repleto de
petistas e de uma plateia idem, um "mea culpa" pelos erros na
condução do país com Lula e Dilma Rousseff. No dia seguinte, o senador eleito
gravou vídeo em que explica a bronca nos petistas, mas reafirma voto no
presidenciável Fernando Haddad.
Assista clicando no link: https://youtube.com/watch?v=0x2LuxFtIYc
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