Foto: Sérgio Carvalho/MPT
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Nos últimos 15 anos, 162
pessoas resgatadas em regime de trabalho análogo à escravidão no Brasil eram de
Granja, no Ceará, a 329 km da Capital. O município é, dentre todos os
cearenses, o que mais tem cidadãos explorados nesse tipo ilegal de trabalho, conforme
dados colhidos no Observatório Digital do Trabalho Escravo, do Ministério
Público do Trabalho (MPT).
Foto: Alex Fontenele/Divulgação
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Nacionalmente, a cidade está em
17º lugar entre aquelas que concentram maior número de vítimas libertadas.
Desde 2003 até julho deste ano, 44.229 pessoas foram resgatadas no Brasil. Do
total, 35.969 declaram a cidade onde nasceram, sendo 1.207 cearenses, segundo
informaram.
O POVO apurou que uma das
causas para a situação que Granja se encontra na chamada "Zona da
Carnaúba", que engloba municípios do Ceará e do Piauí. Segundo relatório
do 1º Seminário sobre Combate ao Trabalho Escravo no Ceará, realizado em 2016 pela
Assembleia, a extração da carnaúba concentrava até 67% dos casos de trabalho
escravo no Estado.
O problema com precariedade do
trabalho no setor é histórico, aparecendo em antigos registros da Biblioteca
Nacional desde os anos 1950. Árvore-símbolo do Ceará, a carnaúba possui uma
série de utilidades. As raízes têm uso medicinal, os frutos são rico nutriente
para ração animal e o tronco é madeira de qualidade para construções, entre
outros usos.
Registro do jornal sindical
"A Voz Operária", dos anos 1950, já denunciava precariedade do
mercado da Carnaúba (Foto: Biblioteca Nacional)
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No território do Ceará, foram
registrados 566 resgates nos últimos 15 anos. Os dados apontam como a prática é
capilarizada no Estado. Dos 184 municípios, em 148 há registro de vítimas desse
tipo de irregularidade, o que equivale a 84,4% das cidades cearenses.
Via O POVO Online
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