O presidente Jair Bolsonaro
terá pela frente o desafio de cumprir as promessas feitas durante a campanha
eleitoral, principalmente, no que diz respeito ao combate à corrupção, redução
dos índices de criminalidade e melhoria do quadro econômico. Já o governador
Camilo Santana procura formas de se aproximar do Governo Central para que
recursos sejam disponibilizados ao Estado.
Para especialistas
entrevistados pelo Diário do Nordeste, a equipe ministerial de Bolsonaro
reflete o sentimento imediato de boa parte da população, mas não sinaliza um
sólido diálogo com o Congresso Nacional nem com partidos políticos, o que vai
requerer esforço da base para aprovar medidas importantes.
O cientista político, professor
do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), Maurício Santoro, afirma que o Ministério de Bolsonaro é
formado majoritariamente por três correntes principais: os militares, os
religiosos e os tecnocratas. Neste meio, é preciso o Presidente encontrar
pontes com partidos e parlamentares.
"Na cerimônia de posse no
Congresso, Jair Bolsonaro não citou um partido político sequer. Por mais que os
políticos e os partidos sejam desprezados, o presidente vai precisar deles para
governar", aponta o estudioso.
Na visão do professor de
Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, uma das
principais atenções da população está na figura do ministro Sérgio Moro e seu
superministério da Justiça, com foco na pauta anticorrupção e na redução da
violência.
Na área econômica, a grande
expectativa é a reforma da Previdência, não implementada pelo presidente Michel
Temer, e a recuperação da atividade econômica no País, que enfrenta crise. Para
o especialista, "todos os demais assuntos são de menor importância se
comparados com a Previdência".
No Estado
Arte: Blog Ceará Acontece |
Uma dessas estratégias seria o
apoio ao nome do senador cearense Tasso Jereissati (PSDB) para o comando do
Senado. A exemplo do que ocorreu com o atual presidente do Congresso Nacional,
Eunício Oliveira (MDB), a tendência seria de uma maior aproximação do
governador petista com o parlamentar tucano.
Isso, inclusive, já estaria
ocorrendo com as indicações de dois representantes do PSDB para o secretariado
do segundo Governo Camilo: Maia Júnior, no Desenvolvimento Econômico; e Dr.
Cabeto, vice-presidente estadual da sigla tucana na Saúde.
"Isso faz parte da
estratégia política de Camilo Santana, e talvez por isso ele esteja mais aberto
à negociação", aposta a cientista política Carla Michele Quaresma.
De acordo com ela, o governador
tem capacidade considerável de se posicionar de forma plural entre as forças
políticas. "Torcer pela vitória de Tasso no Senado é uma estratégia. Não
sei se será tão exitosa, como foi com o Eunício Oliveira", ponderou.
Já o cientista político Clésio
Arruda avalia que a ação política do governador em colocar no seu Governo
tucanos não remete ao presente, mas a prováveis alianças futuras que devem ser
costuradas.
*DN / Por Miguel Martins
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