A solenidade de posse dos
secretários ocorreu no fim da tarde no Palácio da Abolição - Foto: Natinho
Rodrigues
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Tomando posse para o seu
segundo mandato como governador, Camilo Santana (PT) prevê para os próximos
quatro anos um exercício diário do diálogo ainda mais intenso com o Governo
Federal, agora com a presidência de Jair Bolsonaro (PSL).
Quatro anos atrás, o petista
assumia o Palácio da Abolição com a correligionária Dilma Rousseff reeleita em
Brasília. O impeachment da petista e a ascensão de Michel Temer (MDB) acabaram
transformando o então adversário Eunício Oliveira (MDB) em aliado de primeira
ordem do governador para destravar recursos de interesse do Ceará no plano
federal. Agora, com o cenário cada vez mais arisco, Camilo aposta no diálogo
para avançar nas políticas públicas.
"Eu sou um homem de
diálogo. Da mesma forma que ele (Bolsonaro) foi eleito pelo povo brasileiro, eu
fui eleito pelo povo cearense. Agora, eu sou governador de todos os cearenses e
ele é o presidente de todos os brasileiros. Nós vivemos numa Federação. Apesar
da independência dos estados, a gente mantém uma relação institucional de
respeito. E é isso que nós vamos construir ao longo desses anos com o Governo
Federal", defendeu o petista após tomar posse, na tarde de ontem, na
Assembleia Legislativa. Camilo, logo após assumir mandato na presença de
deputados estaduais, deslocou-se para o Palácio da Abolição para dar posse ao
primeiro escalão. Em novo discurso, reafirmou a busca pelo diálogo com o
Governo Bolsonaro.
Apesar do ensaio do discurso
pacificador, o governador reeleito não justificou à imprensa a ausência na
cerimônia de posse de Jair Bolsonaro. "Não teve nada que não prestigiar.
Havia uma reclamação há muito tempo que as posses eram de manhã. Já estava
planejado. Vários governadores tomam posse na tarde do dia primeiro. Foi apenas
uma questão de facilitar a vida dos cearenses", respondeu Camilo em
coletiva de imprensa.
Quem tentou justificar a
ausência do petista foi o senador eleito Cid Gomes (PDT). Questionado pelo
Diário do Nordeste, o ex-ministro adotou um tom de ironia. "Como é que
você consegue ter o dom da onipresença? Só Deus tem. Quem marca a posse é a
Assembleia Legislativa, não é o governador não", respondeu Cid.
Prometendo ser uma ponte de
diálogo entre Camilo e Brasília, o ex-governador pontuou que o Ceará tem apenas
2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e que a gestão estadual tem feito
investimentos para diversificar a economia, mas que isso não é suficiente para
superar o principal desafio do Ceará para os próximos anos que, segundo ele, é
a economia.
"Naturalmente, outra parte
(da responsabilidade) depende do Governo Federal. A gente sempre depende dos
grandes investimentos em infraestrutura do apoio do Governo Federal. Ao Camilo,
naturalmente, caberá vigilância diária, e, à nossa representação em Brasília,
principalmente, a luta cotidiana para que o Ceará seja sempre lembrado, e que
se faça com o nosso Estado aquele tratamento que nós temos direito. O que não é
nenhum favor", alertou o senador eleito.
Respeito
Prestigiando a cerimônia de
posse de Santana, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) pediu, do Governo Federal,
respeito ao Ceará, e comparou a relação com Brasília à época de Fernando Collor
como presidente da República.
"Isso se estabiliza porque
ainda há muito sangue quente recente das eleições. Mas nós já temos vivência
disso. Eu tenho conversado com o Camilo sobre isso. Quando eu assumi o governo
do Ceará, era o Collor (o presidente). E era muito parecido. Sob certo aspecto,
menos ruim do que hoje. Mas havia um temor", argumenta.
Adversário de Bolsonaro na
disputa pela presidência da República, Ciro aproveitou para cobrar que o
"Governo Federal tem obrigação de respeitar o Ceará".
Secretariado
Em coletiva após empossar sua
nova equipe de secretários, o governador fez questão de deixar claro que seus
auxiliares eram escolhas apenas suas, não tendo relação com a eleição.
"Secretariado não é escolha de partido, mas do governador Camilo Santana
para servir o povo cearense", declarou. O petista foi reeleito por uma
coligação com mais de 20 partidos e, em razão de uma reforma administrativa
proposta por ele próprio, teve que compor um secretariado menor, com apenas 21
nomes.
De acordo com o governador, a
equipe que ele empossou ontem tem integrantes com características individuais
próprias. "Reduzi o secretariado e montei um grupo onde cada um tem um
perfil para área, para cumprir sua missão", declara o petista. "Não
tenho dúvida que esta é uma equipe que está preparada para os próximos quatro
anos", diz.
Prioridades
O governador também afirmou que
uma das prioridades para o próximo período é na área da Segurança Pública, em
especial na administração do sistema penitenciário, que passa a contar com sua
própria Pasta nessa segunda gestão. "Consideramos que é uma área muito
delicada no Brasil inteiro, e achei que precisaria dar um olhar mais
especial", declara o petista.
O novo responsável pela área,
Mauro de Albuquerque, declarou que a prioridade para o sistema prisional é a
capacitação de servidores e a instalação de protocolos de segurança. "É um
desafio bem interessante. A gente está atento para isso, porque há algumas
situações que a gente tem que vencer", declara. Entre essas situações,
está a entrada de celulares nos presídios.
Camilo também apontou a
manutenção da disciplina fiscal como importante para o novo Governo. E a
responsável pela arrecadação, Fernanda Pacobahyba, atual secretária da Fazenda,
afirma que o processo de arrecadação precisa ser modernizado. "A
tributação tem uma estrutura pesada. Temos um código tributário com mais de 50
anos", explica. A nova titular da Sefaz afirma que a tecnologia é
fundamental para superar esse problema.
*DN
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