Caminhão carregado com cerca de
2 mil frangos foi queimado por criminosos em Caucaia, na Grande Fortaleza —
Foto: Arquivo Pessoal
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A proprietária de um caminhão
carregado com 2 mil frangos vivos, que foi incendiado durante a onda de ataques
criminosos no Ceará, lamentou o ocorrido e afirmou que ainda não conseguiu
contabilizar todo o prejuízo. Rosângela Freitas disse que o transporte era o
único material de trabalho para sustentar a família há cerca de 20 anos.
Desde quarta-feira (2),
criminosos realizaram ataques coletivos, prédios públicos, comércios e agências
bancárias. Foram 159 ataques confirmados em 39 cidades. O Governo do Ceará
confirmou que 168 pessoas foram presas. A Força Nacional foi chamada para
reforçar a segurança no estado.
O ataque prejudicou a renda da
cearense. O caminhão carregado com frangos vivos foi interceptado por bandidos
e incendiado na madrugada de sábado (5), quarto dia da onda de violência, na
cidade de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. Bandidos ordenaram que o
motorista e o ajudante deixassem o veículo, jogaram combustível e atearam fogo.
Conforme Rosângela, todos as
galinhas que seriam vendidas e transportadas para um comércio no município
morreram queimadas. Ela disse, ainda, que o incêndio a prejudicou e que está
sem trabalhar nos últimos dias.
"Como continuar a
trabalhar agora?", disse. Rosângela comentou também que não conseguiu
contabilizar todo o prejuízo, mas que ficou sem nenhum meio para trabalhar e
garantir o sustento da família.
Policiais militares fazem a
segurança dentro dos ônibus em Fortaleza após série de ataques — Foto: Sistema
Verdes Mares
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Rotinas alteradas
Além de Rosângela, a onda de
ataques no Ceará alterou a rotina de moradores de diversos bairros da capital e
do interior. A costureira Claudiana da Silva, por exemplo, conta que foi
difícil até comprar alimento nos últimos dias devido ao medo de novos ataques.
Ela mora ao lado de um supermercado que foi metralhado por bandidos no Bairro
Vila Velha, em Fortaleza.
“Eu só percebi que algo estava
errado quando vi um helicóptero sobrevoando aqui e várias viaturas da polícia
passando. Precisei fazer compras, mas só consegui ir no outro dia à noite
(depois do ataque). Espero que tudo fique bem logo”, afirmou.
Já a comerciante Adelaide
Santos, 43, contou que precisava fazer uma atualização cadastral na Caixa
Econômica Federal, na Avenida Francisco Sá, mas desistiu devido ao meno de
novas ações. A agência também foi alvo dos bandidos.
Serviços públicos afetados
Por conta da onda de violência,
a coleta de lixo em alguns bairros da Grande Fortaleza foi suspensa. Além
disso, o transporte público sofreu com interrupções e alterações nas rotas.
Lojas da Enel, empresa distribuidora de energia, suspendeu o atendimento na
sexta-feira.
Caminhões de lixo precisaram
escoltados por guardas municipais nesta terça-feira (8) para conseguir realizar
a coleta de lixo regular na cidade.
Guardas municipais escoltam
caminhões de lixo em Fortaleza após ataques — Foto: Theyse Viana/Sistema Verdes
Mares
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O borracheiro Amarildo
Albuquerque, de 48 anos, conta que a situação no Bairro Presidente Kennedy, em
Fortaleza, ficou complicada devido à falta de coleta de lixo pelo bairro. A
empresa Ecofor Ambiental tirou de circulação os veículos na capital depois que
um caminhão compactador foi totalmente destruído por um incêndio.
“Por causa do tanto de lixo
acumulado, aparece muito inseto. De dia, é mosca; de noite, é tanta muriçoca
que quase não deixa a gente dormir. Ainda conforme o borracheiro, o serviço de
coleta não é visto no bairro desde a última quarta-feira (2), quando as facções
criminosas iniciaram a ofensiva. “E a gente que sofre com isso”, lamenta.
Perto dali, na Rua Frei Odilon,
a paisagem urbana muda com o acúmulo de lixo, que chega a tomar parte da via e
dificulta a passagem de pedestres. O aposentado Francisco Mendes, de 56 anos,
encontrou uma solução para o problema, ainda que de forma temporária. Há cinco
dias vendo os resíduos se avolumarem na frente de sua residência, ele decidiu
contratar um carroceiro para fazer a retirada do material.
“O mau cheiro que vinha do lixo
não deixava nem a gente comer direito. Aí foi preciso tirar um dinheiro do meu
próprio bolso para que aqui ficasse um pouco mais limpo. A gente enquanto
cidadão já paga tanto imposto para tanta coisa e quando surge um gasto a mais
pode pesar no orçamento, principalmente no do aposentado”, justificou.
Ceará registra série de ataques
criminosos — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
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Ações contra o crime
A Força Nacional enviu tropas
para tentar conter a violência no Ceará e iniciou o policiamento nas ruas no
sábado (5). Após a chegada dos agentes, os ataques reduziram na capital
cearense e Região Metropolitana. Apesar disso, ainda houve registro de ações
criminosas na capital e no interior.
Desde quarta-feira (2),
ocorreram 159 ações contra coletivos, prédios públicos, comércios e agências
bancárias. O governador Camilo Santana informou nesta terça-feira que a polícia
capturou 168 pessoas envolvidas nos crimes. Vinte prisões ocorreram nas últimas
horas, segundo o governador. "Outras [pessoas] estão em investigação e
poderão ser presas a qualquer momento", disse.
*Fonte: G1/CE
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