Vila de Jericoacoara (Foto: reprodução fateixa) |
Aos 98 anos, Zé Diogo se
acostumou ao pancadão a 20 metros de onde vive há décadas. A casa pequena
começa a ficar ilhada em meio a pousadas, butiques, hotéis chiques e baladas. A
Jericoacoara de Zé Diogo, o mais velho morador da praia cearense entre as mais
belas do país, não é mais a mesma.
A 280 km de Fortaleza,
Jericoacoara, que pertence à cidade de Jijoca de Jericoacoara, já foi uma uma
vila de pescadores. Primeiro chegaram os mochileiros, a maioria estrangeiros,
entre os anos 1970 e 1980. "Os gringos acampavam na praia, nos quintais
das casas", conta Zé Diogo.
Depois, nos anos 1990 e 2000,
foi a vez de esportistas e praticantes de kitesurfe, o que exigiu pousadas mais
estruturadas. Agora, é de luxo a terceira fase de turismo de Jeri, como é
chamada.
Hotéis com piscinas nas
varandas, barracas de praia que cobram R$ 100 por uso de um espaço VIP com wifi
e bangalô para descanso e festas com champanhe à luz do dia integram o roteiro.
"Gosto desse conforto, minha escolha por Jeri passou por isso", disse
o empresário Stephan Terin, 43.
O ápice do glamour de Jeri
ocorreu no Réveillon. Foram cinco dias, de 27 a 31 de dezembro, com shows de
Ivete Sangalo, Anitta e um evento extra, que contou com o DJ Alok. Os ingressos
custaram milhares de reais.
O glamour encareceu a vila para
turistas, mas também para moradores. Os aluguéis triplicaram e muitos
precisaram se mudar para comunidades vizinhas, como Preá, Mangue Seco e Guriú.
Todas viraram vilas dormitórios: as pessoas pernoitam por lá e trabalham em
Jeri. Há quem chame as comunidades de "região metropolitana de
Jericoacoara".
O turismo na vila teve um bom desempenho nos últimos anos. Em 2018 houve aumento de 20% do número de visitantes,
comparado a 2017, segundo a prefeitura de Jijoca.
A inauguração em julho de 2017
do aeroporto de Jeri, numa cidade vizinha a cerca de 40 minutos de carro, levou
voos diretos de cidades como São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Campinas e Recife,
evitando as quase cinco horas de carro de quem desce do avião em Fortaleza.
Houve também a criação do hub
das empresas aéreas Air France e KLM na capital, o que aumentou a oferta de
voos internacionais. "O aeroporto alterou um pouco o perfil do turismo. É
mais elitizado, com projetos de hotéis de primeiríssima", disse Ricardo
Wagner, secretário de desenvolvimento econômico, turismo e meio ambiente de
Jijoca.
Além disso, o asfaltamento de
uma via que liga a CE-085 até a praia vizinha, do Preá, facilitou o acesso a
Jeri por carro.
*Folha de São Paulo
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