Trecho da CE-386, entre Farias
Brito e Crato está esburacado Foto: Honório Barbosa
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As condições das rodovias
estaduais e federais que cortam o Ceará - que já eram precárias - pioraram nos
últimos meses com a chegada das chuvas. De Norte a Sul do Estado, uma cena se
repete nas estradas: buracos por toda parte. Alguns deles estão intransitáveis
ou parcialmente bloqueados, como é o caso da CE-163 que dá acesso à Praia de
Mundaú, em Trairi. Crateras se abriram na estrada devido à força das águas, e
os veículos só conseguem trafegar em parte da via. Segundo o secretário de
Turismo de Trairi, José Maria Teixeira, o asfalto cedeu após uma lagoa, que
fica nas proximidades do trecho, encher com as chuvas dos últimos dias. As
obras de reparo devem durar 15 dias.
Trecho da CE-386, entre Farias
Brito e Crato está esburacado Foto: Honório Barbosa
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Um trecho da CE-176 que dá
acesso às praias de Icaraí de Amontada e Moitas, no litoral oeste do Ceará,
ficou intransitável após as fortes chuvas arrastarem parte da rodovia. Uma via
provisória será aberta no local para garantir a passagem de veículos.
As precipitações pluviométricas
também expuseram a fragilidade de um trecho da BR-230, entre a cidade de Campos
Sales e Antonina do Norte. Com aproximadamente 56 km de extensão, a rodovia
apresenta muitos buracos. "Tem alguns que parecem umas crateras, nos dois
sentidos. Está arriscado demais", conta o motorista Francisco José
Pereira. A situação não é diferente na CE-166, entre Nova Olinda e Santana do
Cariri. Apesar dos dois municípios serem importantes destinos turísticos na
Região - estão dentro do território do GeoPark Araripe -, a rodovia também está
com a malha danificada e, em alguns trechos, o asfalto está cedendo.
Outra rodovia que chama atenção
é a CE-288, que liga os municípios de Caririaçu e Aurora. Apesar de ter sido
inaugurada há pouco tempo, em julho de 2017, o asfalto também apresenta buracos
após as chuvas deste primeiro trimestre. Lá, há uma grande circulação de
veículos pesados já que é um dos principais acessos à BR-116. Um trecho de 47
km da CE-386, entre as cidades de Crato e Farias Brito, está em situação
análoga. Inúmeros buracos põem em risco quem trafega pela estrada.
"É preciso tapar esses
buracos logo porque o risco de acidente aumenta, além de danificar os veículos,
cortar pneus", reclamou o representante comercial Flávio Duarte.
A CE-085 possui vários trechos esburacados, os mais críticos estão nos municípios de Granja e Camocim, no Litoral Oeste do Estado Foto: Luciano Silva |
Na CE-085 existem vários
trechos esburacados, os mais críticos estão nos municípios de Granja e Camocim,
no Litoral Oeste do Estado. Motoristas estão tendo prejuízos, todos os dias é
fácil encontrar um veículo a beira da rodovia com pneu cortado devido o impacto
nos buracos na pista.
Funcionários do Departamento
Estadual de Rodovias – DER, tem trabalhado na operação tapa buracos desde o
inicio do mês março, mas devido as chuvas o serviço não tem sortido efeito.
Perigo
Segundo os especialistas, os
buracos além de representarem uma ameaça de acidentes, são os principais
causadores dos danos aos veículos, principalmente quanto aos pneus, suspensão e
amortecedores.
O impacto de um buraco pode não
apenas cortar ou furar um pneu, mas danificar a roda. Dependendo do veículo, se
as rodas forem de ferro ou aço podem ser desamassadas e soldadas, mas as rodas
de alumínio não admitem reparos, precisam ser trocadas, o que não fica barato.
Quanto maior a velocidade do carro e a extensão do buraco, maior será o dano e
o prejuízo. Além disso, é preciso fazer o balanceamento e alinhamento dos
pneus, que com certeza são desalinhados no impacto com o buraco.
Fatores diversos
A chuva, no entanto, não é o
único fator que agrava o estado de conversação das rodovias. A falta de
manutenção se evidencia quando, em regiões com poucas volumes pluviométricos, a
malha viária também está bastante danificada.
Na Região Central do Estado e
no Sertão de Canindé, as condições de tráfego nas rodovias federais que cortam
o local estão igualmente precárias. O trecho mais crítico da BR-122, principal
via de destino ao sul do Ceará, está situado a partir do Município de Ibaretama
até a cidade de Banabuiú. "São 40 km que é praticamente impossível
trafegar. A gente fica fazendo zigue-zague para tentar desviar dos buracos,
está complicado", relata o crediarista Marciel Oliveira e Silva.
Crônico
Este cenário, no entanto, não é
novo. No fim do ano passado, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) já
havia identificado que 72,4% das rodovias cearenses têm algum tipo de
deficiência em sua conservação, levando em conta pavimento, sinalização e
geometria da via. O índice é o pior dos nove estados da Região Nordeste. O
levantamento foi realizado após a CNT ter percorrido 3.581 km em rodovias
estaduais e federais. O índice (72,4%) é superior ao que fora identificado em
2017, quando a Confederação constatou que 60,6% das rodovias cearenses tinham
algum tipo de deficiência. O relatório deste ano ainda não foi divulgado. O
balanço deve sair no segundo semestre.
Prejuízo
A má conservação das rodovias
não afeta somente os motoristas. Além de colocar em risco a vida de quem
trafega por essas localidades, a malha viária deteriorada impacta negativamente
no bolso do consumidor, mesmo àqueles que estão bem distantes das estradas
consideradas ruins ou péssimas.
A explicação é simples. Mais
buracos representam prejuízos aos fretistas. Prejuízo sinaliza aumento no
frete. E esse incremento é repassado ao consumidor final. A equação, também
simplória, é cruel com o consumidor.
Conforme Antônio Nidovando
Pereira Pinheiro, 2º vice-presidente da Associação Cearense de Supermercados
(Acesu), a realidade atual das estradas do Ceará influencia no valor do
transporte dos produtos. "Os carros se quebram e esse custo acaba sendo
incluído no preço da mercadoria. Esse repasse é inevitável para o consumidor.
Hoje, um frete é aproximadamente 15% do valor da mercadoria, mas isso depende
da carga que está sendo transportada e do local de onde e para onde ela
vai", explica Pinheiro.
Condições precárias também
foram encontradas na CE-085 Foto: Mateus Ferreira
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A superintendente do Ceará do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Líris Silveira
Campelo Carneiro, explicou que, desde o segundo semestre do ano passado, as
empresas responsáveis pelas obras de recuperação e manutenção das rodovias
federais que cortam o Estado começaram a abandonar os projetos. A justificativa
dada foi o encarecimento do preço de materiais betuminosos, utilizados na
composição asfáltica, que tornou inviável o cumprimento dos contratos. Diante
da situação, o Dnit iniciou, em janeiro, novos processos de licitação para as quatro
em situação mais crítica: 020, 122, 222 e 403, citadas na matéria.
De acordo com a
superintendente, já foi concluída a licitação e dada a ordem de serviço, essa
semana, para as três novas empresas contratadas para as BRs 222, 403 e a 122.
Os obras nas rodovias já começaram. Já na BR-020, a empresa está em processo de
assinatura de contrato e entrega de documentação. Ao todo, vão ser recuperados
2.400 km de malha asfáltica federal que corta o Ceará. O orçamento previsto é
de R$ 52 mi.
Até o fechamento da edição
impressa desta reportagem, o Departamento Estadual de Rodovias (DER) não havia
respondido às demandas. Posteriormente, por meio de nota, o órgão garantiu que
"realiza a conservação rotineira das estradas, com ações que incluem
recuperação funcional e obras de restauração". Segundo o departamento,
"1.055 km de rodovia já foram restaurados desde 2015, e mais 234 km estão
em obras. Todos os trechos danificados estão identificados e serão
recuperados".
Operação tapa buracos na CE-085
teve inicio do mês março, mas devido as chuvas o serviço não tem sortido
efeito. Foto: Luciano Silva
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O DER solicita ainda que, caso
o cidadão queira informar a situação de alguma rodovia, entre em contato com os
Distritos Operacionais (telefones disponíveis em www.der.ce.gov.br) ou por meio
da Ouvidoria do Estado, pelo telefone 155.
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