Abraham Weintraub, novo ministro
da Educação de Bolsonaro (Foto: Rafael Carvalho/Divulgação Casa Civil)
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A "crônica da morte
anunciada" que foi a saída de Ricardo Vélez do Planalto, descrita assim
pelo vice-presidente Hamilton Mourão, rende, além das repercussões políticas em
torno do Governo Federal, discussões sobre os projetos de Educação para o País.
Com o desafio de dar efetivo funcionamento à pasta após três meses de inércia,
o economista Abraham Weintraub não possui nada relativo à área pedagógica no
currículo. Mesmo com experiência em Administração, a avaliação é que a
inexperiência em Gestão Pública possa repercutir nas ações importantes do
Ministério da Educação (MEC).
"Experiência
administrativa é uma coisa, experiência em Gestão Pública é um pouco
diferente", ressalta Eloísa Vidal, doutora em Educação e professora da
Universidade Estadual do Ceará (Uece). E complementa: Para "uma máquina da
envergadura do MEC, que é a maior pasta do governo em termos de orçamento e
pessoal e de ações de políticas públicas, a experiência em Gestão Pública é
muito importante, porque, na chegada, pode marcar o tempo de execução de
projetos e assim funcionar".
Uma das principais prioridades
é o vencimento do prazo do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica (Fundeb) marcado para 2020. Sem qualquer aceno à discussão por parte de
Vélez, uma proposta sobre a verba precisa ser lançada em tempo hábil para as
discussões na Câmara e no Senado. "Se o Fundeb não entrar imediatamente em
discussão, entraremos para um colapso do sistema, principalmente nas regiões
Norte e Nordeste, que dependem da complementação da União", avalia.
Outro aspecto levantado por
Ricardo Correa Gomes, do Departamento de Gestão de Políticas Públicas da
Universidade de Brasília (UnB) é o funcionamento do Inep. "Tanto pelas
avaliações em larga escala, quanto pela questão das pesquisas", diz. Sobre
o novo nome para o Ministério, ele acredita que a característica será
principalmente a de executivo.
"Educação é aquele tipo de
coisa que todo mundo sabe e ninguém sabe. Todos sabem como educar, a melhor
forma de educar, e, no fim das contas, ninguém sabe como sistematizar isso e
transformar em conhecimento formal. Pelo currículo dele, a minha esperança é
que coloque o Ministério funcionando, não com grandes ideias em relação à
Educação, mas para isso há a possibilidade de chamar experiências de fora",
pondera. A contratação de bons secretários executivos será, conforme Ricardo,
um dos primeiros passos para dar celeridade aos projetos necessários à pasta.
Apesar de concordar com as
propostas de Jair Bolsonaro (PSL) e, principalmente, Paulo Guedes (ministro da
Economia), a professora doutora em Filosofia da Educação, Adriana de Oliveira
Lima, também criticou a inércia de Vélez e a falta de experiência em Educação
do novo gestor. Ela reforça que trazer pessoas de outras áreas não ocorreu
somente neste governo, citando o caso de Aloízio Mercadante, que também tem
como principal formação Economia. Adriana defende a proposta anunciada ainda em
novembro de transferir o Ensino Superior para o Ministério da Ciência e
Tecnologia.
Via o POVO Online
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