O Ministério Público do Ceará
protocolou, nesta quarta-feira (12), o pedido de afastamento do enfermeiro e do
diretor do Hospital Municipal de Ubajara, Bruno Araújo, após o caso do bebê que
caiu no chão durante o parto realizado na unidade no último dia 27 de maio. O
documento é assinado pelo promotor de Justiça da Comarca de Ubajara, Maxwell de
França Barros.
A reportagem entrou em contato
com a Secretaria da Saúde de Ubajara e foi informado de que a secretária não
estava e que não havia responsável para se posicionar sobre o caso. A
reportagem falou com o chefe de gabinete municipal para ouvir a Prefeitura sobre
o pedido do MP e ele informou que o próprio diretor do hospital se
posicionaria. Por fim, foram feitas ligações para o Hospital Municipal de
Ubajara e para o telefone pessoal de Bruno Araújo, mas a reportagem não
conseguiu contato com o diretor.
Além do afastamento dos
profissionais, o MPCE dá um prazo de 90 dias para a conclusão do procedimento
administrativo instaurado sobre o caso. O órgão requer, ainda, a instauração de
um procedimento policial na delegacia de Ubajara para investigar os fatos.
"Como haverá um processo
disciplinar interno para apurar o caso sobre a atuação do enfermeiro, é
necessário que tenhamos um diretor interino imparcial acompanhando a
investigação e a lisura dos trabalhos", esclareceu.
Gisele Leitão teve o bebê na
enfermaria do Hospital de Ubajara - Foto: Arquivo Pessoal
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Prefeitura pede desculpas
Após denúncia da mãe sobre o
ocorrido, o vice-prefeito do município, Adécio Muniz Paiva Filho, publicou nota
de esclarecimento sobre o caso em sua página pessoal no Facebook, nesta
terça-feira (11). Em vídeo, juntamente com a mãe e o bebê, ele pede desculpas e
afirma que foi aberto processo administrativo para investigar o que aconteceu.
Paiva Filho informou que a
paciente foi acolhida na enfermaria do hospital de Ubajara, no último dia 27 de
maio, enquanto aguardava liberação de um leito em outra unidade hospitalar para
fazer o parto.
“Contudo, o sistema não liberou
em tempo hábil a transferência, sendo que às 20 horas e 35 minutos a criança
veio a nascer na enfermaria onde havia sido disponibilizado o leito”, diz a
nota.
O parto
Maria Gisele Leitão denuncia
ter sofrido negligência no hospital, durante um parto natural em que o bebê
dela caiu no chão, no último dia 27 de maio. Ela afirma que não foi acompanhada
por médico ao dar à luz e que o enfermeiro que a atendia não acreditou que o
bebê estava prestes a nascer e, por isso, não a auxiliou enquanto ela
solicitava ajuda.
Gisele chegou ao hospital por
volta de 16h, sendo atendida e examinada. Com a troca de plantão, por volta de
18h30, segundo relato dela, passou a ser assistida por um enfermeiro, que ao
examiná-la entre 19h30 e 20h disse que ela tinha oito centímetros de dilatação.
"Ele mandou eu ir pro quarto de novo. Fiquei no quarto esperando e a dor
só aumentou”, disse.
Bebê teria caído no chão
durante parto em Hospital de Ubajara - Foto: Arquivo Pessoal
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Gisele também afirma que, ao
ser avisado sobre o sangramento da paciente e de que a bolsa d’água, que
envolve o útero da grávida, havia estourado, o enfermeiro reagiu com desdém,
apenas dizendo: “sim, isso é normal”.
“Eu já tava sentindo que o
neném tava nascendo, vinha aquelas forças já pro neném nascer. Ele nem ligou.
Ele tava perto, num postinho que tem perto do quarto, tava ele conversando com
outra enfermeira lá, e nem ligou nem foi pro quarto, me deixou lá, e o neném já
quase nascendo", relatou a mãe.
"Quando ele entrou lá no
quarto, que o neném já tava quase nascendo, ele ainda foi totalmente ignorante,
estúpido. Ainda falou: “valha, pra que esse escândalo? Calma, esse bebê não vai
nascer tão cedo””, acrescenta Gisele.
Nesse momento, Gisele estava
ajoelhada por não aguentar as dores, conforme relata. “Eu falei assim: vai
nascer, vai nascer aqui no chão mesmo, é? Ele falou: calma, não vai nascer
agora não. Só foi o tempo dele fechar a boca, o neném caiu no chão”, diz a mãe.
O bebê nasceu às 20h35.
*Informações: DN/Regional
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