O presidente Jair Bolsonaro
afirmou nesta quinta-feira, 15, em uma transmissão ao vivo nas redes sociais,
que na próxima segunda-feira vai revelar quem comprou jatinhos com recursos do
BNDES, ao abrir a “caixa-preta” da instituição. Segundo ele, o anúncio vai
expor “gente que está dizendo que estamos no último capítulo do fracasso”.
Bolsonaro não citou nomes. A
declaração, no entanto, foi uma referência indireta à fala do empresário e
apresentador Luciano Huck, que, nesta quarta-feira, 14, durante um evento em
Vila Velha, no Espírito Santo, criticou o governo federal ao participar do
debate “Futuro do Brasil”, como mostrou o Estado.
“A gente precisa de gente nova
na política, com todo respeito a esse governo. Esse governo foi eleito de
maneira democrática. Mas eu não acredito que a gente está vivendo o primeiro
capítulo da renovação. Para mim, estamos vivendo o último capítulo do que não
deu certo”, afirmou Huck na ocasião.
Na transmissão desta quinta,
Bolsonaro disse que pretende “mostrar a primeira parte da caixa-preta do
BNDES”. Essa era uma bandeiras da campanha do presidente, que, em junho,
demitiu o então presidente do banco estatal, Joaquim Levy. Uma das
justificativas foi a de que Levy não se esforçou para abrir a “caixa-preta” do
banco.
Para bolsonaristas, o banco
estatal, que emprestou bilhões para a Venezuela, Cuba e empreiteiras, precisa
quitar o quanto antes sua conta com a União. Ainda na “live”, Bolsonaro
declarou que o governo vai mostrar casos sobre o banco de pessoas que não
tinham como se beneficiar desses recursos por não serem “amigos do rei”.
Em fevereiro do ano passado,
quando Huck ainda era cotado como presidenciável, o jornal Folha de S.Paulo
publicou reportagem segundo a qual o empresário usou, em 2013, um empréstimo de
R$ 17,7 milhões do programa Finame do BNDES para comprar um jatinho particular
da Embraer. À época, Huck disse, via assessoria, que “o Finame é um programa do
BNDES de incentivo à indústria nacional, por isso financia os aviões da
Embraer” e que usava o avião duas vezes por semana para gravar seu programa de
TV.
No debate em Vila Velha, Huck,
além de dissociar o governo Bolsonaro da “renovação política”, reforçou um
discurso centrado na prioridade da educação de qualidade e no combate à pobreza
– desafios do País que, segundo ele, devem ser enfrentados por sua “geração”.Atualmente, o plano de uma
candidatura é tratado com discrição pelos apoiadores do apresentador. A
avaliação é de que ainda não é o momento de Huck se mostrar como um futuro nome
para a disputa ao Planalto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já
afirmou que seria “natural” um apoio a Huck em 2022.
*ESTADÃO via o Intrigante
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