O Ministério da Saúde passou a
recomendar a vacinação contra o sarampo em crianças com idade entre 6 meses e
11 meses e 29 dias para combater a disseminação do vírus no país. Nessa faixa
etária, segundo a pasta, será ofertada uma dose complementar, chamada de dose
zero, como já acontece em campanhas como a de combate à poliomielite. A
orientação foi apresentada hoje (20) em entrevista coletiva na sede do órgão,
em Brasília.
Entre 19 de maio e 10 de agosto
deste ano, foram confirmados 1.680 casos de sarampo no Brasil, além de 7,5 mil
casos em investigação. No período, de acordo com o ministério, não houve mortes
confirmadas decorrentes da enfermidade.
Após um surto envolvendo
estados da Região Norte no início do ano, um novo surto foi registrado no
estado de São Paulo, que concentra, atualmente, 1.662 casos em 74 municípios –
98,5% do total de casos. Em seguida aparecem Rio de Janeiro, com seis casos, e
Pernambuco, com quatro. Com um caso estão Goiás, Paraná, Maranhão, Rio Grande
do Norte, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Piauí.
A recomendação da vacinação
adicional de crianças com idade entre 6 meses e 11 meses e 29 dias se deve ao
fato deste ser o público com maior potencial de contágio. O coeficiente de
incidência em bebês de até 1 ano é de 38,28 casos para cada grupo de 100 mil,
enquanto a média de todas as faixas etárias ficou em 4,12. Normalmente, a
imunização acontece por meio de duas doses, aos 12 meses e aos 15 meses de
vida.
“Temos observado uma incidência
elevada em menores de 1 ano. É fundamental estabelecermos estratégia
diferenciada para essa faixa etária, olhar para as crianças menores de 1 ano
com especial atenção”, declarou o secretário de vigilância em Saúde, Wanderson
de Oliveira.
Jovens adultos
Além dos bebês, outro público
que preocupa o ministério é o de jovens adultos. A pasta destacou a necessidade
de pessoas de 20 a 29 anos regularizarem a vacinação contra o sarampo – o grupo
tem coeficiente de incidência de 9 casos para cada grupo de 100 mil, mais que o
dobro da média nacional. A orientação vale especialmente para São Paulo, estado
com muitos casos e alta densidade populacional.
De acordo com o ministério,
pela rotina de imunização estabelecida, pessoas com até 29 anos devem já ter
recebido duas doses contra o sarampo. Já quem tem entre 30 e 49 anos deve ter
tomado pelo menos uma dose. O secretário ponderou, contudo, que não há
necessidade de corrida aos postos de saúde e que a regularização pode ser feita
tranquilamente.
Difícil controle
Questionado sobre as razões da
propagação do sarampo no país, Oliveira argumentou que a natureza do vírus e de
sua transmissão dificultam o controle, especialmente com um surto em uma região
como o estado de São Paulo.
“O sarampo é doença de
transmissão respiratória. É rastilho de pólvora. Para cada caso, podemos ter 18
pessoas infectadas. É extremamente complexa a contenção da situação viral,
principalmente num estado com a densidade demográfica que São Paulo tem”,
disse. Entre os principais obstáculos, segundo ele, estão a falta de imunização
em adultos jovens e a dificuldade de conscientização desse público.
Estoque
O secretário relatou que já
foram disponibilizadas 7,5 milhões de doses da vacina para o estado de São
Paulo, além do apoio a campanhas de comunicação para sensibilizar os públicos
mais afetados pelo vírus. Ele acrescentou que as vacinas adicionais para bebês
devem totalizar cerca de 1,6 milhões de doses e que os estados estão abastecidos,
mas que o governo está buscando um estoque complementar com fornecedores
externos.
O representante do ministério
apontou como problema a atuação de movimentos antivacina que, segundo ele, se
alimentam de desinformação e notícias falsas para recusar a imunização
necessária. O ministério disponibilizou uma seção em seu site para desmentir
notícias falsas e oferecer outras informações.
Fonte: Agencia Brasil
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