O presidente da
República, Jair Bolsonaro, anunciou nesta segunda-feira (11) a edição de uma
medida provisória que extingue o seguro obrigatório DPVAT e o DPEM a partir de
2020. O primeiro indeniza vítimas de acidente de trânsito e o segundo vítimas
de danos causados por embarcações.
"A Medida
Provisória tem o potencial de evitar fraudes no DPVAT, bem como
amenizar/extinguir os elevados custos de supervisão e de regulação do DPVAT por
parte do setor público (Susep, Ministério da Economia, Poder Judiciário,
Ministério Público, TCU), viabilizando o cumprimento das recomendações do TCU
pela SUSEP", informou o governo em nota.
O anúncio foi
feito em cerimônia no Palácio do Planalto de lançamento de programa que tenta
estimular a contratação de jovens. A medida provisória, porém, não está relacionada
ao programa.
A medida
provisória que acaba com o DPVAT e com o DPEM entra em vigor assim que for
publicada no "Diário Oficial da União". Porém, se não for aprovada
pelo Congresso em 120 dias perde a validade.
Sobre o seguro
DPEM, o governo diz não haver seguradora que o oferte e que o mesmo está
inoperante desde 2016.
Porém,
relacionado ao DPEM, "há o Fundo de Indenizações do Seguro (FUNDPEM), cujo
responsável é a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias
(ABGF) e tem por objetivo indenizar os acidentes causados por veículos não
identificados e inadimplentes".
De acordo com a
Seguradora Líder, gestora do DPVAT, no primeiro semestre de 2019 foram pagas:
18.841
indenizações por morte;
103.068
indenizações por invalidez permanente;
33.123
indenizações para despesas médicas.
De acordo com o
governo, a medida não vai desamparar os cidadãos em caso de acidentes, já que o
Sistema Único de Saúde (SUS) presta atendimento gratuito e universal na rede
pública.
"Para os
segurados do INSS, também há a cobertura do auxílio-doença, aposentadoria por
invalidez, auxílio-acidente e de pensão por morte. E mesmo para aqueles que não
são segurados do INSS, o Governo Federal também já oferece o Benefício de
Prestação Continuada – BPC, que garante o pagamento de um salário mínimo mensal
para pessoas que não possuam meios de prover sua subsistência ou de tê-la
provida por sua família, nos termos da legislação respectiva", afirma o
governo.
Os acidentes
ocorridos até 31 de dezembro ainda seguem cobertos pelo DPVAT, de modo que a
atual gestora do seguro, a Seguradora Líder, continuará até 31 de dezembro de
2025 responsável pelos procedimentos de cobertura dos sinistros ocorridos até
31 de dezembro de 2019.
Após o dia 31 de
dezembro de 2025, a União sucederá a seguradora nos direitos e obrigações
envolvendo o DPVAT.
Segundo o
governo, o Consórcio do DPVAT contabiliza um total de R$ 8,9 bilhões; sendo que
o valor estimado para cobrir as obrigações efetivas do seguro até o fim de 2025
é de aproximadamente R$ 4,2 bilhões.
"Quanto ao
valor restante, cerca de R$ 4,7 bilhões, para o qual não há previsão de
pagamento de indenização, será destinada, em um primeiro momento, à Conta Única
do Tesouro Nacional, sob a supervisão da SUSEP, em três parcelas anuais de R$
1,2 bilhões, em 2020, 2021 e 2022. Tais parcelas são suficientes para compensar
as estimativas de repasse ao SUS e ao Denatran, em atendimento ao art. 14 da
Lei de Responsabilidade Fiscal", explica o governo em nota.
O governo afirma
que, caso a seguradora Líder não esteja atendendo aos interesses públicos na
defesa dos recursos remanescentes do DPVAT, a Susep deverá transferir as
pendências para outra administradora.
Em 2019, o valor
a ser pago pelo seguro DPVAT varia de R$ 16,21 (automóveis e camionetas particulares /oficiais, missão diplomática, corpo
consular e órgão internacional,
táxis, carros de
aluguel e aprendizagem) a R$ 84,58 no caso de motos e similares.
Por lei, o DPVAT
protege motoristas, passageiros e pedestres em caso de acidente de trânsito em
todo o território nacional. As indenizações podem ser requeridas em casos de:
morte, invalidez permanente ou para pagamento de despesas médicas
suplementares.
No ano passado
foram arrecadados R$ 4,6 bilhões com o seguro obrigatório DPVAT. Do valor
arrecadado:
45% foram usados
no financiamento do SUS: R$ 2,1 bilhões;
5% foram usados
pelo Denatran para financiamento de programas de educação no trânsito: R$ 233,5
milhões;
50% foram usados
para pagamentos de prêmios do DPVAT: R$ 2,3 bilhões.
Também em 2018,
de acordo com a seguradora Líder, foi pago um total de R$ 1,9 bilhões em
328.142 indenizações. Foram identificados também 11.898 casos de fraude no
seguro. De 2008 a 2018, o Fundo Nacional de Saúde (do SUS) recebeu R$ 33,3
bilhões do DPVAT.
*Com G1
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