Após dois dias de greve,
empregados da Petrobras decidiram suspender a paralisação na manhã desta
quarta-feira (27). O plano era permanecer de braços cruzados até a próxima
sexta-feira (29) mas a categoria se viu obrigada a repensar a estratégia diante
da decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de bloquear contas e
suspender o repasse de mensalidades pagas pelos funcionários da estatal para
sustentar a ação dos sindicatos.
A discussão pela permanência ou
suspensão da paralisação entre a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e 11
sindicatos associados se estendeu por toda noite de terça-feira, 26. Na manhã
desta quarta-feira, a federação, por meio da assessoria de imprensa, informou o
fim da greve. O protesto foi contra medidas da gestão da empresa, que
consideram descumprimento do acordo coletivo, como demissões em massa
decorrentes do programa de demissão voluntária e privatização de subsidiárias,
insegurança nas plataformas por conta da redução das equipes e também o
alinhamento dos preços dos combustíveis ao mercado internacional e dólar.
“As
decisões do TST reforçaram o potencial dos petroleiros, que se mobilizaram e
garantiram o abastecimento dos combustíveis, que foram para as ruas em ações
sociais. Nossa mobilização mostrou que o ministro da Economia, Paulo Guedes,
desconhece a legislação brasileira que dá direito de greve a todos os
trabalhadores do País e desconhece a real situação da Petrobras, que vem
sofrendo com corte de pessoal e com a venda de ativos”, afirma, em nota, o
coordenador da FUP, José Maria Rangel. Ele faz referência à afirmação do
ministro, nos Estados Unidos, de que, se fossem de empresa privada da qual
fosse presidente, os grevistas estariam demitidos”
Segundo a entidade sindical, 26
mil trabalhadores foram envolvidos na mobilização. Já a Petrobras, nesses dois
dias de paralisação, não se manifestou sobre o tamanho da greve e seus efeitos
na operação. Toda comunicação partiu exclusivamente pelo TST, em comunicados
sobre penalidades definidas caso parcela dos empregados insistissem em se
manter de braços cruzados.
Na tentativa de envolver o
maior número de trabalhadores e mobilizar a sociedade para as suas causas, os
petroleiros organizam, desde segunda-feira, 25, “ações solidárias”, como de
doações de sangue nas cidades do Rio de Janeiro, Recife, São Paulo e Curitiba.
Na terça, foram distribuídas mil cestas básicas a demitidos da estatal. E,
nesta quarta serão vendidos 200 botijões de gás a baixo custo no município de
Campos dos Goytacazes, no Rio, uma das cidades mais marcadas pela atuação da
estatal, por conta da Bacia de Campos.
No comunicado de suspensão da
greve, a FUP classifica o movimento como positivo, apesar de ter ocorrido em
apenas dois dos cinco dias programados. “Além de garantir a produção de
petróleo e o abastecimento de combustíveis para a população – compromisso
assumido e cumprido pelos trabalhadores do setor de petróleo – o movimento
conseguiu chamar a atenção da sociedade” diz a nota.
*com informação do ESTADÃO
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