Divulgado nesta terça-feira, 3 de dezembro, ESTUDO da Confederação
Nacional de Municípios (CNM) aponta as inconsistências e, principalmente, as
consequências federativas e sociais da extinção dos pequenos Municípios com
baixo índice de receita própria. Prevista no artigo 115 da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 188/2019, a medida promoverá perdas de R$ 7 bilhões
anuais na arrecadação de 1.820 localidades envolvidas, além de impactos
sociais.
“A proposta é um equívoco. Ela avalia a
sustentabilidade fiscal do Município considerando apenas a arrecadação e a
quantidade populacional”, afirma o presidente da CNM, Glademir Aroldi. De
acordo com o estudo sobre os efeitos da chamada PEC do Pacto Federativo, a
proposta desconsidera que a dependência dos governos locais, em relação às
transferências da União e dos Estados, é resultado do modelo
constitucional de repartição de competências, em que o Município tributa
apenas imóveis urbanos e serviços.
Os dados da entidade elucidam que a maioria dos
Municípios pequenos é rural e/ou dependente do agronegócio e possui baixa
capacidade de arrecadar impostos, independentemente do nível de eficiência dos
gestores. Contudo, a Confederação questiona o fato de a proposta não simular os
efeitos que a extinção dessas cidades produzirá sobre a repartição de receitas,
como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), e nem verificar a
viabilidade prática.
702 incorporadores
“Perderão receita de FPM, não somente os 1.217 Municípios a serem extintos, mas
também as 702 cidades que os incorporarão”, mostra o estudo. Além disso, a
emenda prevê que todas as cidades com menos de cinco mil habitantes e menos de
10% de sua receita proveniente de arrecadação própria sejam incorporados ao seu
vizinho de maior índice de sustentabilidade fiscal. Ao mesmo tempo, nenhuma
dessas cidades-mãe poderá incorporar mais de três Municípios. “Tais
condições não podem ser obedecidas, simultaneamente, por cerca de 20% dos casos
de fusões”, aponta.
Protagonista na discussão do pacto federativo,
a CNM acredita que o fundamental é regular as relações entre as três esferas do
governo, ou seja, definir competências de cada Ente e os recursos destinados a
atendê-las. Na contramão, a proposta promove perda de até 50% na
arrecadação dos Municípios fundidos, considerando o que cada um recebe de
FPM, separadamente. Algumas localidades terão também algum tipo de
subfinanciamento dos serviços, uma vez que as cidades que irão incorporar as
novas receberão aumento de receita, via FPM, proporcionalmente menor do que o
aumento da sua população.
Ceará
Caso nova regra proposta pelo Ministério da Economia seja aplicada, o município cearense de Granjeiro, na região do Cariri, pode ser extinto. Atualmente, este é o único município do Estado que se enquadraria no “alvo” do Planalto, que promete extinguir municípios com menos de 5 mil habitantes e arrecadação próprio menor que 10% da receita total, veja (aqui).
Caso nova regra proposta pelo Ministério da Economia seja aplicada, o município cearense de Granjeiro, na região do Cariri, pode ser extinto. Atualmente, este é o único município do Estado que se enquadraria no “alvo” do Planalto, que promete extinguir municípios com menos de 5 mil habitantes e arrecadação próprio menor que 10% da receita total, veja (aqui).
Prejuízos
O estudo apresenta diversos exemplos do impacto da proposta, e mostra a enorme mudança que pode ocorrer no interior do país, se a PEC for aprovada sem ajustes do texto. Além de perdas financeiras, a Confederação aponta também prejuízos sociais e culturais às localidades afetadas pela proposição. A partir de quatro indicadores – finanças públicas, educação, saúde e socioeconômico –, o mapeamento analisa o padrão e a qualidade de vida dessas cidades.
Sobre o argumento de que extinção ou anexação de 22% dos Municípios brasileiros poderia trazer diminuição dos gastos da máquina pública, os dados mostram que a economia estimada com despesa administrativa e legislativa é de cerca de R$ 4 bilhões ao ano. “Definitivamente, a extinção de Municípios não é a melhor solução, pois trará enormes problemas para a população e para os gestores. Essa economia não justifica os impactos que a medida trará aos cidadãos dessas localidades”, afirma Aroldi. Veja o estudo completo AQUI
Agência CNM de Notícias
Fotos: Pref. Nova Granada (SP) e mapa CNM
Fotos: Pref. Nova Granada (SP) e mapa CNM
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