Nesta quarta, aproximadamente
42 policiais foram liberados. (Foto: Mauri Melo/O POVO). (Foto: MAURI MELO/O
POVO)
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Uma mulher de 29 anos, que pede
para não ser identificada, teve dois momentos marcantes nesta quarta-feira, 4.
O primeiro foi a confirmação da gestação do segundo filho. Ela já é mãe de uma
criança de 4 anos. O segundo foi o momento de buscar o marido, policial que
estava preso por crime de deserção no Ceará, nas dependências do antigo
Batalhão de Choque. "Foram 11 dias que tirei junto com ele nessa
prisão", detalha em entrevista ao O POVO.
Ao filho, a mãe disse que o pai
estava fazendo um curso "para se tornar um policial melhor". A
distância entre pai e filho fez com que as obrigações, antes divididas,
concentrassem-se na mulher. "Ele colocava para dormir, ensinava a
tarefa", relatou.
A rotina de família
transformou-se em ir ao antigo prédio do Batalhão de Choque, na rua Antônio
Pompeu, no Centro, primeiro lugar da prisão e, em seguida, a Itaitinga, no
Presídio de Segurança Máxima, para onde foram transferidos. Em virtude da
situação de um presídio comum, que ainda não havia sido inaugurado, os
militares foram reencaminhados para o antigo batalhão de choque novamente.
Ela explica que tudo começou na
sexta-feira, 21, no dia da Operação Carnaval. Quando o marido estava com
problemas respiratórios há alguns dias e prestes a uma forte piora, o casal
procurou um hospital. O médico repassou um atestado médico e eles foram deixar
no batalhão que ele trabalhava, horas depois, para justificar ausência do
trabalho durante os dias de folia. O nome da doença não é divulgado para não
identificar o esposo, a pedido da família.
No domingo, 22, o nome do
policial saiu na lista dos desertores. "No primeiro momento não acreditei.
Ele estava todo paramentado com atestado médico e ainda sim ser considerado
desertor. Até o instante de eu ir ao antigo BPChoque eu tinha a convicção que não
iria ficar preso", ressalta.
Depois disso, a mulher relata
que encontrou um forte aparato policial. Não foi autorizada a entrar com o
marido e, após ele prestar depoimento, foi levado diretamente à sede da Perícia
Forense e, quando voltou, permaneceu preso.
Ela relata, então, que passou a
visitá-lo. "Eu procurava não chorar na frente dele, me tornava forte e
falava que ia dar certo, mas quando eu chegava em casa era o momento que eu
tirava minha máscara e desabava", relata. Um médico chegou a ir à unidade
e constatou que o homem estava com febre.
A esposa descreve o policial
como "um pai de família" e relata que nunca teve problemas de
comportamento na corporação. Ela nega o envolvimento dele com a paralisação.
"Foram 11 dias que eu tirei junto com ele nessa cadeia e 11 dias sofridos
de luta. Não tive um dia que não tivesse saído para resolver algo. Ele é um
policial que trabalha honestamente, cumpria os horários. Vou demorar a dormir
tranquila. Na minha cabeça, vou estar lá no presídio de Itaitinga", descreve.
Durante a entrevista ela
comentou que pensou que o momento mais marcante da vida fosse o nascimento do
filho, no entanto, a prisão do marido superou tudo o que já viveu. "É mais
válido um criminoso solto do que um inocente na cadeia", diz.
Casados há seis anos, nesta
quarta-feira, 4, ela descobriu que estava grávida e contou ao marido no momento
que ele saiu da prisão. "Ele ficou feliz. Não estava no nosso planejamento
e foi um momento de crise, mas é um momento de alegria e ele provavelmente não
vai esquecer".
Ainda nesta quarta, o casal
saiu para almoçar. "Era o que ele mais desejava. Passou esses dias sem se
alimentar da comida de panela que ele gosta. E quando chegar vamos a igreja
para agradecer. Amanhã (5), já começa a rotina", relata.
No fim da entrevista, ela fez
uma reflexão sobre se casar com um policial e das preocupações do dia a dia,
que variam entre o medo de acontecer algo na rua e, atualmente, as questões que
o militarismo impõe. "Hoje eu não sei se me preocupo com a parte jurídica
ou com a física. No primeiro momento de ele estar na rua e não chegar em casa,
mas tem a questão do militarismo também".
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