No mesmo dia em que o Senado
aprovou o projeto de lei das fake news, a Polícia Civil do Ceará deflagrou
operação para combater a propagação de notícias falsas na cidade de Acaraú,
interior do Estado. Dois homens são investigados por calúnia ao disseminarem
fake news de natureza política nas redes sociais. Durante o cumprimento dos
mandados de busca e apreensão, as autoridades colheram indícios que apontam a
possibilidade de outros crimes, como agiotagem e lavagem de dinheiro.
Conforme a Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) foram apreendidos mais de R$ 1 milhão
em dinheiro, cheques e notas promissórias. As investigações tiveram início há
cerca de quatro meses, após denúncias sobre um perfil em rede social que vinha
atacando pessoas ligadas a um partido político. Há suspeita que outras pessoas
estejam envolvidas nas ações investigadas.
A partir de decisão judicial
foram informados os IPs das máquinas de onde os ataques eram publicados. A
Polícia Civil solicitou mandado de busca e apreensão, que foi deferido pelo
Poder Judiciário e cumprido nessa terça-feira (30). Inicialmente, os policiais
civis chegaram a dois alvos específicos na cidade de Acaraú. Na casa de um
deles, foram encontrados os papéis que somados totalizavam mais de R$ 1 milhão.
Um homem de 18 anos prestou
depoimento e, segundo a Polícia Civil, confessou que realizava as publicações
nas redes sociais. O delegado Ricardo Magalhães, da Delegacia Municipal de
Sobral, que também participou das buscas, conta que o suspeito tinha um perfil
falso no Instagram. Ao localizar o IP, os policiais foram até a localidade da
Fazenda Lagoa, e apreenderam aparelhos eletrônicos que serão periciados e devem
auxiliar nas próximas fases da investigação.
"No depoimento, ele
relatou que participava do esquema. Não disse se alguém o pagava ou não. O
outro endereço de onde partiam as publicações, este outro em um perfil no
Facebook, era dentro da cidade de Acaraú mesmo", afirmou Magalhães.
Próximos passos
De acordo com o delegado, nas
buscas foram observados indicativos dos crimes de lavagem de capitais e
agiotagem. O policial acrescenta ter chamado atenção dos investigadores um
veículo de luxo, alta movimentação bancária, dezenas de cartões de
bolsa-família e contratos de imóveis.
"Isso tudo será
investigado pela Delegacia Regional de Acaraú. Vão analisar os documentos e ver
se realmente há estes crimes. É uma movimentação bem alta, mas, até então, são
indícios. Como o crime imputado inicialmente é o de calúnia, eles não ficaram
presos. Durante a investigação se ficarem comprovados outros crimes pode-se
representar pelas prisões", explicou Ricardo Magalhães.
O delegado de Sobral destacou
que disseminar falsas informações propositalmente pode gerar uma
responsabilização criminal: "é importante que a população tenha ciência
que propagar fake news causa transtornos às imagens das pessoas". Já o
delegado titular da Delegacia Regional de Acaraú, Alailton Andrade, reforçou
que a Polícia Civil acompanha a divulgação desse tipo de material no mundo
virtual.
"A Polícia Civil
continuará trabalhando e investigando a divulgação de fake news na cidade. Nós
rastrearemos toda a rede de informações e as pessoas que compartilham e ajudam
nesse tipo de crime. Então tenham cautela com o que vocês compartilham, porque
nós estamos atentos a isso", disse Andrade.
*DN/Polícia
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