Vacinação contra Covid-19 no
Ceará (Foto: Barbara Moira) |
A Controladoria-Geral da União (CGU) no Ceará tem, até o momento, 1.447 registros de ocorrências de pessoas suspeitas de terem se vacinaram indevidamente no Estado contra a Covid-19. São 21 casos de pessoas vacinadas que constam como falecidas no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Sistema Único de Saúde (SUS); 1.290 que teriam recebido mais do que duas doses da vacina; e 136 “pessoas expostas politicamente” (PEP) — vereadores, prefeitos, deputados estaduais e, até mesmo, deputados federais.
Conforme o auditor federal e superintendente da CGU desde 2018 Giovani Pacelli, a apuração foi feita a partir de cruzamento de bancos de dados, como, entre outros, SUS, SIM, Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (Sipni). O que gerou “ocorrências com boa probabilidade de estarem em situação irregular”.
“O MPCE (Ministério Público Estadual) em contato prévio entendeu que poderia contribuir e atuar nesse aprofundamento e solicitou tais ocorrências que foram repassadas prontamente”, diz Pacelli. A CGU repassou ao MPCE os nomes dos beneficiados e aos locais onde se deram as vacinas suspeitas.
No caso de pessoas que constam como mortas, mas receberam a vacina, o
superintendente diz que o mais provável é que alguém tenha usado o CPF
indevidamente, mesmo que médico ou enfermeiro. Há uma possibilidade de o número
ter sido digitado incorretamente, mas “muito remota”, devido aos diversos
campos que compõem o CPF, diz ele. Foram registrados casos assim em 16
municípios, sendo três em Fortaleza.
Com relação a pessoas que receberam mais de duas doses do imunizante,
a CGU identificou mais aplicações que o necessário conforme os CPFs que constam
nos dados do Sipni. São vacinas provenientes de institutos diferentes. Há
registros de casos assim em 56 municípios, sendo 242 em Fortaleza. Paracuru é o
segundo município com mais registros: 230.
Já no caso de ocupantes de cargos públicos, Pacelli explica que são
pessoas que já atuaram na área da saúde, mas hoje não estão na linha de frente,
já que estão exercendo mandato. O Plano Nacional de Operacionalização da
Vacinação contra a Covid-19, do Ministério da Saúde, prevê que apenas
profissionais de saúde vinculados a estabelecimentos de assistência e
vigilância à saúde estão inclusos nos grupos prioritários. Há, inclusive,
vereadores de outros estados e alguns deles também receberam mais do que duas
doses. Na lista, há um vereador de Fortaleza.
“A vacinação, juridicamente, pode ser considerada um ato composto,
pois ela foi comprada com recursos federais (até o momento 100% das vacinas
foram adquiridas com recursos federais), mas é aplicada pelo gestor local:
estado e/ou município”, explica Pacelli. Assim, a CGU, dependendo da linha de
trabalho, atua em conjunto com o parceiro mais afim ao tema, ora o MPF
(Ministério Público Federal), ora a Polícia Federal, ora o TCE-CE (Tribunal de
Contas do Estado) e, neste caso específico, com o MPCE, que demonstrou
interesse no tema e tem a prerrogativa para atuar junto aos gestores estaduais
e municipais sobre a aplicação correta das vacinas."
(O POVO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário