A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020 não prevê que deputados e senadores definam prioridade de verbas de emendas para a execução do Orçamento. |
O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) que apure a reserva de R$ 3 bilhões do Orçamento de 2020 para deputados e senadores indicarem recursos para obras e ações Brasil afora com base em um "orçamento paralelo". Em troca, deveriam apoiar o governo no Congresso Nacional. O caso foi divulgado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” neste domingo. O Novo também entrou com representação junto à Corte.
“A situação requer, a meu ver, a
atuação do Tribunal de Contas da União no cumprimento de suas competências
constitucionais de controle externo de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da Administração Pública federal, a fim
de que sejam apurados os atos do Poder Executivo que porventura venham —
contrariando as regras isonômicas previstas para a aprovação e liberação de emendas
parlamentares individuais — favorecendo determinados parlamentares, em
retribuição a apoio aos projetos do governo”, argumentou o representante do
Ministério Público (MP) junto ao TCU.
Parte dos recursos foram usados
para a compra de tratores e outras máquinas agrícolas, como retroescavadeiras.
Os equipamentos seriam entregues em cerimônias das prefeituras que acabariam se
tornando eventos eleitorais. Só para esses equipamentos as despesas alcançariam
R$ 271,8 milhões. Nos ofícios que indicam os gastos, os parlamentares se
referem às verbas como “minha cota” e “fui contemplado”.
"Esses recursos ‘extras’
ocorreriam, em princípio, à margem de todo o regramento constitucional, legal e
regulamentar, em ofensa ao princípio da isonomia que orienta a distribuição de
recursos orçamentários entre os parlamentares no regime das emendas individuais
e sem a transparência que requer o uso de recursos públicos", escreveu
Furtado.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) de 2020 não prevê que deputados e senadores definam prioridade de verbas
de emendas para a execução do Orçamento. O presidente Jair Bolsonaro vetou essa
possibilidade, que já havia recebido aval do Legislativo. Uma das razões é que
o veto — não derrubado pelo Congresso Nacional — diz que a medida poderia
“fomentar cunho personalístico” nas indicações.
(O Globo)
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