Apenas em 2021, o preço médio do botijão de 13 quilos subiu 30% - (Foto: reprodução) |
A escalada da cotação
internacional do propano, matéria-prima para o gás de cozinha, joga pressão
sobre os preços do botijão, que já se aproximam dos R$ 100, em média, no país.
Em alguns locais mais distantes, esse valor até já é praticado. Apesar desse
aumento pesar no bolso do consumidor, o mercado vê grande defasagem dos preços
internos e espera novo reajuste em breve.
Impulsionada pela demanda chinesa
por matérias-primas petroquímicas, a cotação do propano na região do Golfo do
México, nos Estados Unidos, subiu quase 15% em um mês. Em 2021, o valor do
produto tem alta acumulada de 96%.
Os preços desse combustível
costumam subir durante o inverno no hemisfério norte, quando a demanda por
aquecimento cresce.
“Este ano, contudo, os preços
subiram durante os meses de verão, quando os estoques normalmente são
recompostos, devido à alta demanda internacional e à menor oferta global”, diz
o Departamento de Energia dos Estados Unidos.
O movimento, diz a agência de
informações do departamento, é global. O desequilíbrio entre a crescente
demanda e a reduzida produção, afirma, levou os preços na Ásia e na Europa a
mais do que dobrarem no período de um ano.
Assim, a tendência é que as
elevadas cotações se mantenham pelos próximos meses, com possíveis impactos
para o consumidor brasileiro, que já vem sofrendo com a escalada interna em
meio ao um cenário de elevado desemprego.
A Petrobras não reajusta o preço
do gás de cozinha desde o início de julho, quando promoveu aumento de 6%, e vem
operando abaixo da paridade de importação calculada pela ANP (Agência Nacional
do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) há três semanas consecutivas.
Na semana passada, seu preço de
venda em Santos, um dos dois pontos de importação do produto no país, estava 7%
abaixo do valor considerado adequado pelo órgão regulador. Empresas do setor,
porém, falam que a diferença é ainda maior, considerando que a estatal tem
ganhos de eficiência nas importações.
A Petrobras vem repetindo que
mantém a política de alinhamento às cotações internacionais, mas “busca evitar
o repasse imediato para os preços internos da volatilidade externa causada por
eventos conjunturais”.
A estatal alega também que o
conceito de paridade de importação varia de acordo com a estrutura e a
eficiência comercial de uma empresa. Durante parte do ano, segundo os dados da
ANP, a Petrobras praticou preços do gás acima da paridade de importação.
Na semana passada, a companhia
foi alvo de críticas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do
presidente da Câmara, Arthur Lira (DEM-AL) por mexer nos preços com muita
frequência. Lira chegou a sugerir que a empresa deveria “dividir com o povo
brasileiro o pouco da riqueza”.
Embora a Petrobras não tenha
mexido no preço do gás de cozinha desde julho, o produto continua em alta na
revenda. Na semana passada, o botijão bateu R$ 98,33, alta de 1,5% em relação
ao praticado na semana anterior e de 5% em um mês.
Apenas em 2021, o o preço médio
do botijão de 13 quilos subiu 30%. No ano, a Petrobras aumentou seu preço de
refinaria em 38%, acompanhando a recuperação do petróleo e a desvalorização
cambial.
O cenário vem levando famílias de
baixa renda a optar por lenha ou carvão para cozinhar, o que gerou no Congresso
um esforço para aprovar um subsídio para a compra do combustível.
Na semana passada, o deputado
federal Christino Áureo (PP-RJ) concluiu relatório sobre projeto de lei que
cria o programa Gás Social, que garantiria metade do valor do botijão a
inscritos nos programas sociais do governo com recursos dos royalties do
petróleo e da Cide (contirbuição cobrada sobre a venda de combustíveis).
(Folha SP)
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