O presidente Jair Bolsonaro disse
nesta terça-feira (12/10), que decidiu não tomar vacina contra covid-19,
argumentando que a imunização, para ele, “não tem cabimento”. O chefe do
Executivo justificou a decisão pelo fato de já ter sido infectado pela doença e
supostamente ter um alto nível de anticorpos. A declaração foi feita ao
programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan.
“Eu decidi não tomar mais a
vacina. Eu estou vendo novos estudos, e minha imunização está lá em cima. Para
que vou tomar? Seria a mesma coisa que você jogar R$ 10 na loteria para ganhar
R$ 2. Não tem cabimento isso daí”, disse o presidente.
Segundo autoridades de Saúde,
porém, mesmo quem já teve covid deve ser imunizado contra a doença. A
Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), ligada à OMS, recomenda a vacinação
dessas pessoas “independentemente de terem apresentado sintomas ou ficado muito
doentes”. A agência informa que a vacina
reforça o sistema imunológico do corpo contra a covid, mesmo para aqueles que
já possuam alguma imunidade, como diz Bolsonaro.
Em abril deste ano, o mandatário
afirmou que pretendia tomar a vacina “por último”, depois que todas as pessoas
“apavoradas”, como ele as classificou, recebessem suas doses. Bolsonaro está
apto a ser imunizado no Distrito Federal desde o dia 3 de abril de 2021.
O presidente também voltou a
fazer críticas à adoção do “passaporte da vacina” por Estados e municípios e se
queixou por não ter as decisões relacionadas à pandemia centralizadas em seu
governo. No início da pandemia, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que
compete aos governadores e prefeitos a definição de medidas restritivas.
Bolsonaro disse demonstrar sua desaprovação em conversas com os ministros da
Corte com quem tem proximidade. “O prefeito, na ponta da linha, é quem decide
as medidas restritivas a serem adotadas. As consequências disso podem ser as
piores”, afirmou.
A respeito da CPI da Covid, que
deve incluí-lo como indiciado em seu relatório final, Bolsonaro disse que a
comissão faz “barbaridade” ao procurar indícios de corrupção em seu governo.
Ele se defendeu das suspeitas que permeiam a compra da vacina indiana Covaxin,
um dos principais temas tratados pela investigação no Senado, e disse notar
desgaste em seu governo pelo fato de “baterem” na tecla de que ele poderia ter
comprado vacinas em 2020. “Qual país do mundo comprou vacina ano passado?”,
indagou em sua defesa. Os Estados Unidos, que à época eram comandados pelo
presidente Donald Trump, a quem Bolsonaro é alinhado ideologicamente, fecharam
acordos para a aquisição de milhões de doses em 2020. A União Europeia e alguns
países da América Latina, como Chile e México, também iniciaram a imunização no
ano passado.
‘Não mandei nenhum ministro agir
contra Mendonça’
Bolsonaro comentou o desentendimento
entre o pastor Silas Malafaia e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, em
torno da aprovação de André Mendonça para vaga no STF. Apoiador do presidente,
Malafaia acusa ministro de trabalhar contra a nomeação do ex-advogado-geral da
União para a Corte.
Segundo o pastor, Ciro estaria
articulando o nome de Alexandre Cordeiro de Macedo, presidente do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para a vaga, e teria inclusive
discutido o assunto em jantar com o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
“Não dei ordem para nenhum
ministro trabalhar contra o André Mendonça, muito pelo contrário, e, se isso
aconteceu, não tenho conhecimento. Agora, jantares existem aos montes em
Brasília. Prefiro não jogar lenha na fogueira”, disse Bolsonaro.
O presidente confirmou que a
indicação do ex-AGU é um aceno à sua base de apoio evangélica, e disse que, se
aprovado, Mendonça vai ter atuação na Corte alinhada aos interesses desse
grupo. “Ele vai ser contra as pautas progressistas, vai defender a família lá
dentro”, disse.
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