Uma decisão sobre a pré-candidatura presidencial do PSD só deve ser anunciada a partir de março. |
O presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), avalia não levar adiante a pré-candidatura ao Palácio do
Planalto, e se concentrar nas articulações para se reeleger ao comando do
Congresso, em fevereiro de 2023. Aliados veem Pacheco fora da corrida
presidencial, mas o PSD deve mantê-lo como pré-candidato, enquanto negocia
alianças políticas.
Uma delas pode ser firmada com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PT oferece apoio para a recondução
de Pacheco à frente do Senado como moeda de troca para uma composição eleitoral
com o PSD na disputa presidencial.
Interlocutores acreditam que
Pacheco tem muito a perder sendo candidato a presidente, enquanto comanda o
Senado e o Congresso. O senador está na metade do mandato e pode tentar um novo
mandato como presidente do Senado.
Uma decisão sobre a
pré-candidatura presidencial do PSD só deve ser anunciada a partir de março.
Embora o presidente do partido, Gilberto Kassab, trate publicamente o nome de
Pacheco como candidato ao Planalto, a legenda não fez um lançamento oficial da pré-candidatura
do senador. A cúpula petista indicou que poderá subir no palanque de candidatos
do PSD nos Estados caso o partido apoie a candidatura de Lula.
Terceira via
A incerteza de Pacheco em ser
candidato à Presidência é mais um indicativo de possível afunilamento na
chamada “terceira via”. Outros pré-candidatos desse campo, que tentam se
viabilizar como contraponto à polarização entre Lula e o presidente Jair
Bolsonaro, devem deixar a corrida eleitoral.
Além do assédio do PT, o convite
de Bolsonaro ao suplente de senador Alexandre Silveira (PSD-MG), aliado de
Pacheco, para a liderança governo no Senado desgastou o presidente do
Congresso. Integrantes da bancada do PSD na Casa não aceitam que o partido
esteja na liderança do governo Bolsonaro e veem a conversa como um gesto de
Pacheco de que não será candidato ao Planalto.
O ex-governador de São Paulo
Geraldo Alckmin negociou uma filiação ao PSD, mas o partido queria que o
ex-tucano concorresse ao governo paulista, e não como vice na chapa de Lula. Alckmin
mantém agora negociações mais avançadas como o PSB. Lula tem insistido numa
retomada das conversas entre PSD e Alckmin e pretende se reunir com Kassab nos
próximos dias.
O dirigente insiste que Pacheco
será candidato a presidente. “Alckmin está envolvido no projeto do Lula no
primeiro turno, e nós vamos ter candidatura própria”, afirmou Kassab ao
Estadão/Broadcast. “Nós só estamos esperando passar fevereiro. Ele é presidente
do Senado, tem a tribuna para falar todo dia com o Brasil.”
Palanques
Nos acordos regionais há pressões
contra e a favor de uma candidatura presidencial do PSD. Em Minas, reduto de
Pacheco, Lula negocia um apoio da candidatura do prefeito de Belo Horizonte,
Alexandre Kalil (PSD), ao governo estadual. Na Bahia, o PSD está próximo de
apoiar o senador Jaques Wagner (PT) para o governo do Estado, mas o PT estaria
disposto a abrir mão da candidatura própria e apoiar o senador Otto Alencar
(PSD) na disputa com ACM Neto. No Paraná, por outro lado, Ratinho Junior (PSD)
tentará a reeleição no palanque de Bolsonaro.
“Se o partido não cumprir a sua
premissa de ter candidato, seja para que lado for, vai causar uma ruptura e um
desconforto interno. Por uma questão estratégica, o partido terá candidato à
Presidência da República e ao governo de São Paulo”, afirmou o deputado Marco
Bertaiolli (PSD-SP).
Sem Alckmin, o partido avalia
lançar o prefeito de São José dos Campos, Felicio Ramuth, na disputa pelo
governo paulista.
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