O governo prevê que o salário
mínimo vá subir para R$ 1.294 em 2023, uma elevação de 6,7% em relação a 2022.
Se o valor for confirmado, esse será o quarto ano seguido sem aumento real. Os
números estão no PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2023,
enviado nesta quinta-feira (14) ao Congresso.
O valor cobre apenas o INPC
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor), voltado à inflação sentida pelos
brasileiros de menor renda. A projeção do governo é que o índice termine 2022
em 6,7%. “Está sendo considerado, para fins de projeção das despesas, apenas o
arcabouço legal atualmente vigente, como, por exemplo, o preceito
constitucional de manutenção do poder aquisitivo do salário mínimo”, afirma o
texto do PLDO.
Apesar da previsão, o governo tem
até dezembro para definir qual será de fato o salário mínimo aplicado para
2023. No ano passado, a definição foi feita por meio de uma MP (Medida
Provisória) em 31 de dezembro. Até 2019, a regra para o salário mínimo previa a
correção pela inflação do ano anterior mais o aumento real do PIB de dois anos
antes (caso este último seja positivo) –o que, na maior parte do período,
proporcionou reajustes reais aos trabalhadores. A regra foi instituída em 2011,
no governo de Dilma Rousseff (PT).
A partir de 2020, já durante o
governo de Jair Bolsonaro (PL), só houve aumento do salário mínimo pelo INPC
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Isso significa que, desde então, o
salário mínimo não teve nenhum ganho real.
São demandados R$ 364,8 milhões
(de acordo com as contas para o Orçamento de 2022) em despesas federais para
cada R$ 1 adicional no salário mínimo, que é referência para o pagamento de
aposentadorias, benefícios assistenciais e seguro-desemprego.
Mesmo sem um reajuste real no
mínimo, as contas públicas devem ter mais um ano no vermelho. O Executivo
propôs no PLDO uma meta fiscal que autoriza um déficit de R$ 66 bilhões em 2023
para o governo central (Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central). O cenário
traçado mostra que as contas permanecerão no negativo em 2024 e só voltarão ao
azul em 2025. Com isso, o Brasil vai acumular 11 anos de sucessivos rombos nas
contas.
Ainda durante a transição de
governo, em 2018, o ministro Paulo Guedes (Economia) chegou a dizer que era
“factível” zerar o déficit no primeiro ano da gestão Bolsonaro. O objetivo não
foi alcançado nem antes e nem depois da pandemia de Covid-19, que demandou
centenas de bilhões em recursos públicos.
Para os estados e municípios, foi
proposto um rombo menor -de apenas R$ 100 milhões. Para as estatais federais, a
meta sugerida é de R$ 3 bilhões negativos. No total, caso os números sejam
aprovados, as contas públicas consolidadas poderão ter déficit de até R$ 69,01
bilhões. O endividamento deve ficar estável em 2023. Atualmente, o patamar da
dívida bruta consolidada representa 79,6% do PIB (Produto Interno Bruto). É
previsto o mesmo valor para 2023. Para 2024 e 2025, no entanto, os valores
subiriam para 80,29%.
(Folhapress)
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