Leitura do Decreto de criação da Paróquia, criada em 01 de Maio e instalada à 19 de Maio de 2012. |
Sábado passado próximo,
fui interrogado se não faria nada falando sobre a primeira década de criação da
Paróquia de Parazinho. Respondi de pronto que não tinha nuances para isso, e
que os coordenadores da Paróquia deveriam ficar responsáveis para com isso.
Naquele momento fiquei lembrando da saudade de tantos momentos e pessoas que
comigo fizeram parte desta história, pessoas verdadeiramente vocacionadas ao
serviço religioso e dedicadas aos ingredientes sacros, grande parte sem
"vaidades" como alguns que estão hoje. Desde quando comecei a ajudar
na igreja, alguns dos meus " companheiros" já foram em romaria para a
"Parazinho Celestial" deixando muitas saudades entre nós, outros se
afastaram por problemas de saúde e a maioria hoje está alquebrada pelo tempo.
Disse que não tinha nuances para escrever, mais quais as nuances
melhores que nossas memórias? Então me atrevi a escrever essa crônica.
A luta de Parazinho para ter um Padre é bem antiga, desde o começo da colonização, o fundador do povoado do Pará, hoje Parazinho, Domingos Machado Freire, ao morrer, deixou relevante patrimônio para a criação de um vicariato no local que fundara cinco décadas antes de sua morte. Especula-se que na época o povoado do Pará, que já se destacava como centro de peregrinações, não foi sede de um curato devido a falta de um rio; As terras de Parazinho banhadas pelo Riacho Pará, que vêm do Tupi "Água parada" como o nome já acena, não detinha em seu leito as farturosas águas dos opulentos invernos, as águas corriam logo para o mar. O riacho foi barrado pela primeira vez pelo Padre Mendes Costa nas últimas décadas do século XIX, diz a tradição oral que até alguns índios, remanescentes das tribos que outrora dominavam a região, o ajudaram na construção desta barragem, a partir daí, começou efetivamente o progresso em Parazinho, esta primeira barragem foi tão importante que durante a seca do 15, muitos criadores de gado trouxeram seus rebanhos para essas fráguas. Usamos como argumento para essa nossa tese, o fato que quando criada a paróquia de Granja, a época denominada Freguesia de Curiahu, em 30 de agosto de 1757, por falta de um templo na Macaboqueira (sede) foi Matriz provisória a Capela de Santo Antônio de olho d'água, às margens do Rio Coreaú, hoje pertencente ao município de mesmo nome, mesmo Parazinho sendo mais próximo da sede. Os anos se passaram, com eles várias reviravoltas, padres, bispos e construções.
Dom Francisco Javier Hernández Arnedo, Padre Sérgio pousando para
fotografia e eu saí bem atrás. |
O fato que hoje ainda
trago muito vivo em minhas memórias, foi a chegada o Padre Sérgio, em Maio de
2008, lembro com detalhes, o povo lhe esperava aos pés da estátua de Nossa
Senhora do Livramento, eu estava mais adiante, na estrada ainda em construção,
na chegada foi recebido pelo senhor Antônio Amaral e por toda a comunidade.
Padre Sérgio, vindo de Camocim, natural de São Benedito, trazia consigo a
coragem e a cara, e alguns poucos livros que serviram para o advento das
primeiras pastorais, se destacou por sua operosidade e gentil trato com as
pessoas. Ainda me lembro da primeira Semana Santa, envolta de dúvidas,
crendices e até de profecias do tempo do missionário capuchinho Frei Vital da
Penha que andou por nossa região na longínqua primeira década do século XIX.
Também lembro da primeira festa da Padroeira, peregrinação, primeira festa de
São Francisco, da reforma da Matriz e do surgimento de novas capelas e
comunidades no território da então área missionária, em 2011 as santas missões
e o centenário da peregrinação vicentina.
Em 2012 Poucos dias antes da instalação da Paróquia um raio caiu na torre da igreja e a descarga elétrica degradou o sino e vários outros equipamentos da igreja; muitos comentavam saudosos sobre os antigos sinos, abençoados em 57, e se lastimavam dizendo que a igreja antigamente tinha dois sinos melodiosos e que na "passagem" para paróquia não tinha nenhum. Mais isso não tirou o brilho daquele dia, foi um dia magno, mesmo que o decreto tenha sido assinado no dia 01 de Maio, festa de São José operário, por sua excelência reverendíssima Dom Francisco Javier Hernandez Arnedo, então bispo diocesano, hoje em eméritude, é o patriarca deste bispado. Foi realizado um tríduo nas casas de populares em preparação para o grande dia, o povo estava radiante, finalmente realizava-se o sonho da comunidade. O dia começou bem cedo, com uma festiva alvorada promovida pela paróquia de Santa Luzia de Jijoca, que vindo anualmente em romaria ao Parazinho, por coincidência, a peregrinação ocorreu naquele dia preparado pela mãe de Deus; Dom Javier, muito aplaudiu a atitude da Paróquia vizinha. Daquela hora em diante permaneci entre a igreja e a casa paroquial, pude observar todos os movimentos em preparação a solenidade, desde uma possível falta de incenso, até a ornamentação gloriosa do andor de Nossa Senhora do Livramento. Pela tarde, se realizou uma procissão saindo da entrada de Parazinho, ao chegar na igreja, foi iniciada a missa solene de instalação da nova paróquia, logo no início o padre Éder Carneiro proferiu a leitura do decreto e se instalava oficialmente a paróquia de Nossa Senhora do Livramento de Parazinho, foi um dia especial que quem viveu nunca esquecerá, eu participei de tudo, com então dez anos, e guardo muito carinho nos documentos históricos da memória aquela jubilosa e histórica celebração.
Dos primeiros passos da
recém-instalada paróquia, me lembro com muito carinho da manhã do dia 01 de
julho de 2012, quando foi oficiada minha primeira comunhão, participei da
histórica turma de primeira eucaristia da Paróquia. Durante o paroquiato do
padre Sérgio se destacaram várias obras notórias, considerado a mais importante
a reforma e quase reconstrução da mais que tricentenária igreja primaz,
vulgarmente chamada de Educandário, o início da construção de mais de uma
dezena de capelas e a instalação de pastorais, deixou a paróquia ao ser nomeado
por nosso bispo diocesano, o excelentíssimo e reverendíssimo Dom Francisco
Edimilson Neves Ferreira como pároco de Graça-Ce, para continuar os trabalhos
pastorais, foi nomeado pároco o Padre Lucimarcos Geremias, que mesmo em fugaz
governo, deve-se a ele o início das missas votivas e novenas perpétuas e a
pintura da igreja primaz, mais significativa relíquia histórica da região
litorânea. Destacado orador e conselheiro, sonhou junto ao povo com a retomada
das peregrinações a Parazinho, pelo menos nos dias dois de cada mês. Após este,
tomou posse o Padre Antonio Kelton, que hoje apascenta o rebanho de Cristo
nesta paróquia, em tempos de emergência pandêmica, governa sob forte crise
econômica e de espírito, remanescentes da pandemia.
Já se passaram uma
década, daquela inesquecível celebração, como passou rápido, hoje rendemos
graças a Deus por todas as mercês enviadas a nós nestes dez anos, quantas
graças!
Que o bom Deus nos abençoe e Nossa Senhora do Livramento nos cubra com seu manto sagrado. Que venham muitos anos, e que nós, com vida, saúde e felicidade, tenhamos forças e fé para caminharmos na terra, nos passos do bom pastor.
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