Em mais uma ofensiva contra o
Poder Judiciário, presidente entra com processo contra ministro do Supremo (Foto: O Globo) |
Em mais uma ofensiva contra o
Poder Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou ao STF (Supremo
Tribunal Federal) uma ação contra o ministro Alexandre de Moraes por abuso de
autoridade.
Em mensagem enviada a aliados por um aplicativo de mensagem, o chefe do Executivo afirma que adotou a medida devido à postura do magistrado de “desrespeito à Constituição e ao desprezo aos direitos e garantias fundamentais”.
Tercio Arnaud, assessor especial do presidente, compartilhou conteúdo em que é citado o ajuizamento da ação. A ação corre em segredo de Justiça e é relatada pelo ministro Dias Toffoli.
O processo tem pouca chance de
prosperar na corte, mas deverá ser usado politicamente pelo mandatário, que tem
feito ataques reiterados ao Supremo. Moraes, que é relator de investigações
contra o presidente, é um dos alvos preferidos de Bolsonaro.
Para embasar as críticas ao
ministro, o presidente cita, no texto que enviou a correligionários, a
“injustificada investigação no inquérito das fake news, quer pelo seu exagerado
prazo, quer pela ausência de fato ilícito”.
“Mesmo após a PF ter concluído
que o Presidente da República não cometeu crime em sua live, sobre as urnas
eletrônicas, o ministro insiste em mantê-lo como investigado”, diz o texto.
O presidente também diz que
Moraes decretou “contra investigados medidas não previstas no Código de
Processo Penal, contrariando o Marco Civil da Internet”. Além disso, afirma que
o inquérito das fake news “não respeita o contraditório” e não permite que
advogados tenham acesso aos autos.
Antes disso, Bolsonaro já havia
apresentado um pedido de impeachment contra Moraes no Senado Federal.
O presidente da Casa legislativa,
senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), arquivou o pedido de impeachment sem
submetê-lo ao plenário.
Na ocasião, o chefe do Executivo
também havia solicitado o afastamento de Moraes de qualquer função pública por
oito anos. A formalização do pedido de impeachment ocorreu em agosto do ano
passado, no dia em que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão
em endereços do cantor Sérgio Reis e do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ),
aliados do presidente.
A nova iniciativa de Bolsonaro
ocorre em meio ao tensionamento da relação entre o Executivo e a cúpula do
Judiciário. O presidente fez nas últimas semanas diversas insinuações golpistas
em relação ao sistema eleitoral brasileiro, enquanto ministros do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) e do Supremo deram respostas duras às ilações do chefe do
Executivo.
(FOLHAPRESS)
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