O rompimento entre PT e PDT, após
a escolha do nome de Roberto Cláudio para concorrer ao Governo, foi
oficializado. Dirigentes do Partidos dos Trabalhadores se reuniram na tarde de
terça-feira (19), no Hotel Amuarama, para debater qual caminho a agremiação vai
seguir nas próximas eleições.
Logo após o encontro, o partido
divulgou uma nota em que diz que tentou manter a aliança, mas a decisão pelo
rompimento foi tomada de forma unilateral pelo PDT.
“O PDT se fechou em copas. Tratou
todas as tentativas de diálogo prévio à sua escolha como intromissão indevida”,
diz o manifesto do PT.
Para o partido, “prevaleceu a
arrogância, o capricho e a expressão de mando que subjugou os interesses dos
cearenses à obsessão de poder de um só. Esse veto materializou ainda o
rompimento tácito e unilateral da aliança até então estabelecida”.
O PT finalizou o manifesto se
solidarizando com a governadora Izolda Cela e informando que apoiará a
candidatura ao Senado do ex-governador Camilo Santana e de Lula para a
Presidência.
Essa é a primeira vez que Santana
se coloca oficialmente contra os irmãos Ferreira Gomes, que apoiaram sua
candidatura ao Governo do Estado nos dois últimos pleitos gerais.
Novas configurações
Mais cedo, o Partido dos
Trabalhadores havia informado que manterá o diálogo com os partidos que
integram a Federação Brasil Esperança (PCdoB e PV), além do MDB, PP e outras
legendas com quem tem conversado.
A decisão por uma candidatura
própria ganhou corpo, com a decisão do PDT de que Roberto Cláudio será o candidato
pela sigla. A simulação de vários cenários, incluindo o nome de Eunício
Oliveira na chapa majoritária, estão sendo aventados. A palavra final sobre as
coligações e sobre os nomes que concorrerão ao Palácio da Abolição será do
ex-governador Camilo Santana.
Camilo tinha vaga certa na chapa
majoritária da base governista. Com a reviravolta, deve pleitear a vaga no
Senado pelo PT e enfrentar mais um concorrente do PDT. O nome do deputado
federal Guilherme Landim (PDT) está sendo cotado para a vaga na chapa
majoritária.
A reportagem apurou com uma
liderança do PT que ainda não foi discutido se a sigla deixará o Governo de
Izolda Cela. “Neste primeiro momento estamos discutindo o rompimento e a chance
de seguirmos com uma candidatura. Falar sobre o governo que está em andamento
ficará para outro momento”, afirmou, sem querer se identificar.
A vereadora Larissa Gaspar é o
nome mais cotado para ser a cabeça de chapa pelo PT. Os deputados federais
Luizianne Lins, José Guimarães e José Airton também colocaram seus nomes à disposição
para concorrer ao Governo pela agremiação.
O ex-senador Eunício Oliveira
(MDB) se encontrou com o ex-presidente Lula (PT) nesta segunda-feira (18), em
São Paulo e afirmou em suas redes sociais que “foi um diálogo excelente”.
“Tratamos dos desafios da conjuntura nacional, com especial atenção ao cenário
político do nosso Ceará”, escreveu.
A reportagem apurou que, embora o
ex-senador, esteja se movimentando junto com o PT, sua intenção é ser candidato
a deputado federal, para conseguir ‘puxar’ votos e eleger mais candidatos na
bancada do MDB.
Confira íntegra da nota:
DIRETÓRIO ESTADUAL DO PARTIDO DOS
TRABALHADORES NO CEARÁ RESOLUÇÃO POLÍTICA DIÁLOGO E UNIÃO EM DEFESA DO CEARÁ E
DO BRASIL
O compromisso do Partido dos
Trabalhadores – PT com o Ceará e os cearenses, e com o Brasil, sempre norteou a
nossa ação política e nossas decisões. Com base nessa premissa o PT envidou
todos os seus esforços para que o projeto político-administrativo em curso no
Ceará, comandado nos últimos sete anos e meio pelo ex-governador Camilo Santana
e agora pela governadora Izolda Cela tivesse sua reafirmação política junto ao
povo cearense com a defesa de suas conquistas e reconhecimento dos desafios
para seu avanço e aprimoramento, sempre na perspectiva de melhorar cada vez
mais a vida do nosso povo.
Arraigado nesse sentimento de
responsabilidade com o nosso povo, o PT defendeu e continua defendendo uma
ampla aliança para as eleições de 2022 no estado, a partir de uma candidatura
ao governo capaz de unir toda a base de sustentação do governo Camilo/Izolda,
reconhecendo inclusive a primazia do PDT na escolha do nome, reivindicando,
apenas e tão-somente, um amplo diálogo com os partidos aliados no processo de
definição da candidatura.
Infelizmente não foi o que se
verificou. O PDT se fechou em copas. Tratou todas as tentativas de diálogo
prévio à sua escolha como intromissão indevida. Ignorou inclusive as
manifestações públicas de preferência de partidos aliados, lideranças,
inclusive do ex-governador Camilo Santana pelo nome de sua filiada e atual
governadora Izolda Cela, que, no cargo, manifestou publicamente seu interesse e
sua legítima pretensão de postular sua reeleição.
A prerrogativa antes reconhecida
a quem, no cargo, postulou a reeleição, foi solenemente negada pelo PDT à
governadora Izolda, num triste espetáculo de constrangimento público da
primeira mulher a chegar ao governo do Estado. A Izolda Cela nossa
solidariedade e nosso reconhecimento do seu valor, da sua dignidade e de sua
extraordinária contribuição ao Ceará em todas as funções públicas que
brilhantemente desempenhou e desempenha. A negação do seu direito à reeleição,
pelo seu partido, ficará registrada com uma triste página na história política
do Ceará.
A exclusão de Izolda representou
igualmente a negativa do diálogo na busca de consenso e o pouco apreço à
aliança, aos aliados e sobretudo, o desprezo às conquistas e melhorias
alcançadas na vida dos cearenses por conta do seu trabalho, junto com Camilo
nos anos recentes. Prevaleceu a arrogância, o capricho e a expressão de mando
que subjugou os interesses dos cearenses à obsessão de poder de um só. Esse
veto materializou ainda o rompimento tácito e unilateral da aliança até então
estabelecida.
Nesse contexto, o PT, se
solidariza com a Governadora Izolda, reitera o seu compromisso com os cearenses
e com a democracia e com as pré candidaturas do ex Governador Camilo Santana
para o Senado, de LULA para presidente e que continuará o diálogo com os demais
partidos aliados.
Fortaleza, 19 de julho de 2022.
*O intrigante
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