A equipe não permitiu que o jovem
realizasse o teste, alegando que a documentação apresentada não estava no
edital entre as aceitas para o Enem. |
Um triste desfecho para uma
história que seria o diferencial na vida do estudante autista, Daniel Soares
Moreira, 19 anos, que neste domingo (13), foi impedido de realizar a prova do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em Castelo.
A mãe do adolescente, Elenir
Moreira, relatou que tudo aconteceu pois a equipe que estava aplicando a prova
no colégio João Bley não permitiu que o jovem realizasse o teste, alegando que
a documentação apresentada não estava no edital entre as aceitas para o Enem.
Elenir conta que levou a Carteira de Trabalho digital, pois a identidade do
estudante foi extraviada, por incongruência de dados.
"As etapas mais difíceis nós
resolvemos, conseguimos junto ao Governo que dois orientadores estivessem
presentes para acompanhar o Daniel a fazer a prova, e ainda, o tempo adicional,
mas nem com tudo isso, foi suficiente", explica Elenir.
Elenir relembra que o pesadelo
começou por volta das 12h, quando chegou com Daniel, junto com os profissionais
que o acompanhariam. Ao apresentar a documentação, foram informados que o
documento estava enquadrado na categoria bronze e só seriam aceitos documentos
da categoria prata ou ouro.
"Eles disseram que o
documento não estava configurado no nível do aplicativo, que para subir de
categoria era necessário uma conta bancária para subir um patamar. Mas, o
Daniel não tem uma conta no nome dele, tentamos com o Boletim de Ocorrência
mostrando que o documento foi extraviado, mas não deu certo. Então entramos em
contato com uma advogada para nos orientar em como proceder diante da
situação", conta a mãe
Foi então que a equipe do colégio
solicitou que eles saíssem do local, o que não foi acatado pelos familiares. A
Polícia Militar foi chamada para que Elenir e Daniel fossem retirados, o que
fez com que fosse filmado um vídeo e divulgado na internet, que causou uma imensa
revolta pelas redes sociais e mais ainda para a mãe do autista, que segundo
ela, só falava em poder fazer a prova do Enem.
"O meu filho não quer mais
estudar por causa do trauma deste domingo! Eu trabalho com um projeto de saúde
emocional nas escolas, incentivando os jovens a prestarem o exame. Hoje digo
que faltou empatia, faltou amor ao próximo, faltou tato para lidar com o sonho
de um jovem. Estou frustrada, mas vamos buscar recursos para que consiga fazer
a prova", afirma.
A família e advogados estão
tentando contato com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação das provas do Enem, para
explicar o ocorrido, apresentar a documentação e buscar um recurso que permita
que o jovem Daniel possa realizar o sonho de sua vida.
"Ele está assustado de não
ter conseguido fazer a prova. Chegou a fazer contagem regressiva, pois ele
sentia que estaria, pela primeira vez, sendo igual aos outros estudantes. Nós
vamos fazer de tudo para que ele consiga", finaliza Elenir.
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