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(Foto: Antônio Augusto/ Secom/
TSE) |
A Polícia Federal cumpre nesta
quinta-feira (15) um total de 81 mandados de busca e apreensão contra
envolvidos em manifestações antidemocráticas, incluindo bloqueios em rodovias.
As medidas foram ordenadas pelo
ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Moraes também
preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As buscas são realizadas em
endereços no estados de Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Distrito Federal, Paraná e Santa Catarina.
Desde o segundo turno, tanto em
bloqueio de estradas como em atos em frente a quartéis, bolsonaristas cobram as
Forças Armadas para que promovam um golpe que impeça a posse do presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Além das buscas, Moraes também
ordenou o bloqueio de redes sociais de diversos alvos e contas bancárias dos
investigados.
Em um dos endereços, em Santa
Catarina, a PF encontrou o que foi considerado pelos agentes como um arsenal.
Foram 11 armas, entre elas, uma submetralhadora, um fuzil e rifles com luneta.
No último dia 7, Moraes já havia
multado em R$ 100 mil os proprietários dos caminhões identificados pelas
autoridades de Mato Grosso eu estariam envolvidos em atos.
Moraes também tornou esses
veículos indisponíveis -ou seja, proibiu a sua circulação e bloqueou seus
documentos. A decisão ocorreu após ele ter determinado a adoção de providências
para o desbloqueio de rodovias e espaços públicos no estado.
Em novembro, o ministro também
mandou bloquear contas bancárias ligadas a 43 pessoas e empresas suspeitas de
envolvimento com os atos antidemocráticos que questionam o resultado das
eleições.
Os bloqueios de rodovias
começaram logo após ser declarada a vitória de Lula. No dia seguinte da
eleição, já havia 321 pontos de bloqueios em vias de 25 estados e no Distrito
Federal.
Vídeos que circularam na internet
mostraram integrantes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) agindo de maneira
leniente com as manifestações antidemocráticas.
O número de pistas bloqueadas foi
diminuindo ao longo dos dias, mas demorou para acabarem totalmente. Em 19 de
novembro, por exemplo, a PRF ainda contabilizava cinco rodovias interrompidas.
Isso 20 dias depois de Moraes ter
determinado o desbloqueio de todas as estradas obstruídas -a decisão foi
referendada por unanimidade pelo plenário do STF. Após o fim dos bloqueios, os
apoiadores do presidente direcionaram as manifestações para a frente de
quarteis generais do Exército em todo o país.
Esses atos antidemocráticos que
pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país têm sido
atiçados por Bolsonaro desde a sua derrota para Lula no segundo turno das
eleições.
Na semana da derrota, em uma
rápida declaração, ele disse defender os atos, tendo ali apenas condenado os
bloqueios de estradas por seus apoiadores. Já no final da semana passada
quebrou um silêncio de 40 dias com um discurso dúbio que também atiçou seus
apoiadores.
O discurso na sexta foi salpicado
de referências às Forças Armadas, repetiu a retórica de campanha e estimulou
indiretamente manifestações antidemocráticas dos seguidores que contestam a
vitória do petista em uma inédita derrota para um presidente que disputava a
reeleição no país.
Como mostrou recente reportagem
da Folha, a escalada da violência nos atos antidemocráticos liderados por
bolsonaristas fez desmoronar o discurso público do presidente e de seus
aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam
associar protestos violentos a grupos de esquerda.
Com casos de violência que
incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as
manifestações atingiram seu ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades,
que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.
O caso mais recente de violência
ocorreu nesta segunda-feira (12). Horas após a diplomação de Lula, uma ordem de
prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) contra um indígena
bolsonarista acabou em atos de violência em frente à sede da Polícia Federal e
em vias de Brasília.
Desde a sua derrota nas urnas em
30 de outubro, Bolsonaro fez apenas três discursos públicos. Nas duas ocasiões,
ele não condenou a pauta golpista de seus aliados.
Nesta segunda, reportagem da
Folha revelou que caminhões usados em bloqueios antidemocráticos de estradas e
avenidas do Centro-Oeste contra a eleição de Lula já estiveram envolvidos em
crimes como tráfico de drogas, contrabando e crime ambiental registrados pela
polícia.
As informações constam de
documento enviado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) ao STF a partir do
levantamento de placas dos veículos que participaram de um comboio organizado
por manifestantes em Cuiabá (MT) no dia 5 de novembro.
(FABIO SERAPIÃO E MATHEUS TEIXEIRA – FOLHAPRESS)
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