Aumento de ICMS deverá puxar
preço de combustíveis / Foto: reprodução/Assembleia Legislativa do Ceará |
Governar é tomar decisões. Para
isso há as eleições. Fazer oposição é levantar contrapontos, colocando-se como
alternativa futura de poder.
Nesse sentido, o governador
Elmano de Freitas (PT) está nas suas atribuições, ao enviar pacote de medidas
administrativa, fiscal e tributária à Assembleia.
Está, igualmente, legitimado o
ex-candidato ao Palácio da Abolição, Roberto Cláudio (PDT), que foi às redes
pontuar críticas às iniciativas do petista.
O que o governo quer
Em síntese, Elmano mira em dois
objetivos:
O primeiro é esticar o lençol
financeiro. A costura se dará por aumento de imposto, redução de gastos e
aquisição de empréstimo – três clássicos.
O segundo foco é político: o
governador precisa acomodar aliados. O meio mais simples, outro método
conhecido, é turbinar o organograma do Executivo.
Nos documentos protocolados na
Casa, há pontos polêmicos e algumas aparentes contradições.
Subir ICMS aumenta a carestia,
pressiona a inflação, baixa o consumo e impacta o setor produtivo.
Ampliar a máquina para abrigo
político não costuma rimar com austeridade. Pelo contrário.
Fazer mais empréstimos para rolar
dívida é como entrar no rotativo do cartão de crédito.
Razões governamentais
Ao decidir pelas medidas, o chefe
do Executivo Estadual, por óbvio, avalia que os resultados podem compensar os
efeitos colaterais.
Com vacas magras, governos
costumam cair na mediocridade, baixar investimentos e não cumprir promessas de
campanha.
Há uma série de grandes desafios
– social, saúde, educação etc – que martelam o atual governo. Sem dinheiro,
quase nada sairá do lugar.
A cara da oposição
Voltando a RC. Ao criticar as
medidas, o ex-prefeito de Fortaleza tenta se consolidar como o rosto mais
visível da oposição ao governo.
É, inclusive, possível que a fala
do ex-candidato ecoe na Assembleia, a partir de deputados opositores ou ditos
independentes.
No Legislativo Estadual é
aguardado um bom debate sobre os projetos do pacote de Elmano.
Será um início ruim para a atual
legislatura se os parlamentares não se debruçarem sobre matérias que mexerão
com todos os cearenses.
Os “poréns”
Mas há alguns “poréns” na fala de
Roberto Cláudio.
Entre eles: quais os caminhos
alternativos aos encaminhados pelo governador? Seria de bom alvitre o
ex-prefeito de Fortaleza ter sinalizado nessa direção.
Outra questão: estamos a pouco
mais de um mês da instalação do novo governo – embora seja visto como espécie
de continuidade do anterior.
Não seria sensato aguardar um
pouco, dando ao governador o benefício de suas declaradas boas intenções?
Ao ir às redes, RC usa o espaço
da fala que os eleitores cearenses lhe concederam – o da oposição. Está
correto.
No entanto, é sempre pisar no fio
da navalha fazer críticas a um governo recém-empossado.
Sempre haverá o risco, num bom
cenário, de ansiedade política e, num ruim, de ressentimento eleitoral.
*(O Otimista)
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