Construção creche/pré-escola-Bairro São Francisco - Granja/CE Foto: Ceará Acontece |
Desperdício de dinheiro público, carência na prestação de serviço à população e riscos à saúde e ao meio ambiente são alguns dos muitos problemas causados pelas obras públicas abandonadas ou paralisadas no Brasil. Há décadas, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) mapeia o cenário, e novo estudo Situação das Obras Públicas da Educação: Impacto na Gestão Municipal mostra a realidade de 3.119 obras paralisadas ou inacabadas, mais de R$ 3 bilhões de impacto.
De responsabilidade dos governos
municipais e financiadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), 28.722 obras (2007-2022) estão classificadas como canceladas,
paralisadas e inacabadas, como as concluídas ou em fase de planejamento, licitação,
execução e contratação. São creches, escolas, quadras esportivas e outros
projetos que podem beneficiar diretamente a população.
No total, 22.548 (78,5%) são de responsabilidade do poder público municipal,
localizadas em 4.971 Municípios. Delas, quase 13 mil foram concluídas; 2,4 mil
estão em execução; 3.470 já estão canceladas; 2.449 estão inacabadas; 670
paralisadas; 278 em licitação; 238 em planejamento; 107 em contratação; 47 em
reformulação. Isso representa R$ 52,8 bilhões pactuado com o FNDE, e foram
repassados aos entre, R$ 10,0 bilhões.
Um dos grandes problemas com as obras paradas, além de não serem entregues à população, é o desperdício de dinheiro público. A soma do repasse federal de obras canceladas e paradas (inacabadas e canceladas) é de R$ 1,7 bilhão. E a maioria das obras paralisadas e inacabadas está em Municípios de pequeno porte – 2.368 empreendimentos ou 75,9% do total. Essas somam R$ 2,2 bilhões pactuado com o FNDE, dos quais foram repassados R$ 879 milhões (39,9%), faltando repassar R$ 1,3 bilhão (60,1%).
As obras classificadas como paralisadas
ou inacabadas podem ser retomadas. São 3.119 projetos da educação básica em
1.512 Municípios. Delas, 2.449 são obras inacabadas; e 2.202 estão no Norte (609) e no Nordeste (1.393). O custo disso é de R$ 1,8 bilhão, mas o FNDE
repassou R$ 745,7 milhões (41,6%).
Problema
As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste somam apenas 447 (18,3%) do total, com
valor de R$ 407,8 milhões pactuados e R$ 150,2 milhões (36,8%) repassados pelo
fundo. De acordo com o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a troca de governo e
a não continuidade das políticas, a burocracia e a dificuldade de pactuação com
o FNDE e com as construtoras são alguns dos problemas que causam a situação.
Além disso, existem 12.903 obras
educacionais concluídas em 4.245 Municípios, que somam R$ 44,6 bilhões
pactuados com o FNDE. Desse total, foram repassados somente R$ 7,3 bilhões
(16,3%), faltando repassar R$ 37,3 bilhões, 83,7% do pactuado. Das obras
concluídas, 4.842 (37,5%) são de educação infantil, com R$ 5,8 bilhões
pactuados, e repassados R$ 3,2 bilhões (56,2%).
Medidas
O estudo aponta a necessidade de mais esforço dos Entes federados,
especialmente do governo federal, no sentido de avaliar as razões principais
que levam à não continuidade de empreendimentos públicos. Isso com o objetivo
de identificar e empreender medidas para mitigar essas causas, monitorar o
desempenho geral da execução de obras com recursos federais, de forma a
prevenir a não conclusão de importantes empreendimentos para a educação
municipal e o desperdício de recursos públicos.
Ziulkoski destaca ainda que o
governo federal, por meio do FNDE, deve apresentar solução para os recursos
pactuados que não foram integralmente repassados, transferidos aos Municípios a
título de ressarcimento.
Panorama
Em 2018, por meio do estudo Proinfância: Situação das creches nos Municípios brasileiros, a
CNM denunciou a existência de 10.204 obras da educação paralisadas, e a maioria
delas no Nordeste, seguida das regiões Sudeste e Sul. Essas localidades
concentravam 84% do total de obras paralisadas no país. "Em termos
monetários, dos R$ 6,54 bilhões de valor inicial das obras, o governo federal
precisava repassar R$ 2,6 bilhões aos Municípios, 40% do total. O Nordeste
acumulava o maior valor, com R$ 1,04 bilhão, seguida do Sudeste, com R$ 648
milhões pendentes de pagamento.
Dados da CNM sobre obras paradas
nos Municípios relacionadas ao Ministério da Educação, entre 2012 e 2022,
também com base no Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec) consolidou 2.613 as obras paralisadas e as inacabadas, em 1.278
Municípios (23% do total). Esses projetos, pactuado com o FNDE para o período,
totalizou R$ 2.626.102.081.
Fonte: Agência CNM de
Notícias
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