As empresas investigadas,
sediadas nos municípios de Fortaleza e do Crato, figuravam em diversos
contratos firmados com o Estado do Ceará - (Foto: Divulgação/MPCE) |
O Ministério Público do Estado do
Ceará (MPCE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações
Criminosas (GAECO), deflagrou, na manhã desta quinta-feira (21), a Operação
Cibus. Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão na residência de
empresários e de um policial penal, bem como nas sedes das respectivas
empresas.
Expedidos pela Vara de Delitos de
Organizações Criminosas, os mandados judiciais foram cumpridos, de forma
simultânea, em endereços situados nos municípios de Fortaleza, Eusébio e Crato,
mediante ação conjunta de equipes da Polícia Civil e do Ministério Público. Os
materiais apreendidos, agora, servirão para instruir o procedimento
investigatório criminal em curso no âmbito ministerial.
A Operação CIBUS faz parte de
investigação instaurada pelo GAECO, ainda no ano de 2019, a partir do
recebimento de informações indicativas de operações financeiras suspeitas,
tendo como objetivo a apuração da existência de possível organização criminosa
— integrada por empresas e empresários do ramo da indústria alimentícia, além
de um servidor público estadual e pessoas interpostas utilizadas como
“laranjas” — com atividades voltadas à prática de crimes licitatórios
(notadamente fraudes na execução dos contratos advindos do direcionamento de
licitações), desvio de recursos públicos e lavagem de capitais.
As empresas investigadas,
sediadas nos municípios de Fortaleza e do Crato, figuravam em diversos
contratos firmados com o Estado do Ceará, todos relacionados ao fornecimento de
alimentos a órgãos vinculados a Secretarias Estaduais, sobretudo nas pastas da
Administração Penitenciária, da Educação e da Saúde.
Após o deferimento judicial de
medidas cautelares em desfavor dos envolvidos, verificou-se que as empresas
licitantes e seus respectivos sócios, dentro de um curto período, sem
justificativa condizente e mediante depósitos fracionados, movimentaram cifras
que totalizavam o valor aproximado de R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de
reais), sendo parte desse dinheiro transferida para as contas bancárias de uma
empresa de pequeno porte, cujo capital social era de apenas R$ 3.000,00 (três
mil reais) e o faturamento médio mensal em torno de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais).
Paralelamente a isso, também se
constatou que havia uma alternância sucessiva das tais empresas nas licitações
envolvendo o fornecimento de gêneros alimentícios aos órgãos do Estado,
surgindo indícios de que o êxito em cada certame se fazia assegurado por meio
de direcionamento e/ou favorecimento dos procedimentos, seja pela presença de
cláusulas que limitavam a competitividade, seja pela dispensa indevida e/ou
“fabricação” de situações emergenciais.
No decorrer do aprofundamento da
investigação, verificou-se que, uma vez contratadas pelo ente estadual, as duas
grandes empresas — pertencentes ao mesmo grupo familiar — fraudavam a execução
dos respectivos contratos, mediante fornecimento inferior e/ou inadequado do
objeto contratado, havendo indícios, por exemplo, da distribuição de alimentos
“estragados” e em quantidade insuficiente, assim o fazendo em atuação conjunta
com o agente penitenciário (que seria o responsável pela empresa de pequeno
porte) e outros colaboradores.
*(Ministério Público do Estado do Ceará – MPCE)
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